São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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Proteção à privacidade é atrativo

BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, não há pesquisas similares àquela comandada pelo cientista Seth Lloyd, mas alguns físicos estão trabalhando em assuntos relacionados.
Os pesquisadores nacionais dedicam-se principalmente a explorar questões teóricas, sem o objetivo imediato de construir redes de computação quântica.
Na opinião de Helio Waldman, professor da Unicamp, a privacidade seria um dos principais atrativos: "Em uma rede quântica, as comunicações poderiam ser imunes à espionagem".
Isso ocorreria graças a uma propriedade dos fótons, partículas de luz utilizadas para transmitir informações no sistema quântico.
"Para obter informação transportada em fótons, seria preciso medi-los, e isso faria com que eles fossem alterados. Um "espião quântico" seria imediatamente detectável", explica o físico Ernesto Galvão, que desenvolve pesquisas teóricas sobre emaranhamento quântico e é aluno de doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Esse detalhe poderia ser usado na criação de sistemas de codificação quântica que protegessem o sigilo de informações, já que, "usando a mecânica quântica, seria possível decifrar os atuais códigos de criptografia (usados para embaralhar informações e impedir que elas sejam lidas) muito mais rapidamente", afirma o professor Luiz Davidovich, da UFRJ. Isso tornaria os sistemas atuais ineficazes, pois seria possível ler o conteúdo de mensagens criptografadas com mais rapidez.

Dificuldades técnicas
Os cientistas brasileiros ouvidos pela Folha ressaltam as possibilidades criadas pela nova tecnologia, mas são unânimes em enfatizar as dificuldades técnicas que atrapalham ou impedem a construção de redes de computadores quânticos.
"Há muita gente inteligente trabalhando em computação quântica, mas ela ainda está muito longe da prática", afirma Paulo Nussenzveig, pesquisador da USP.
Para ele, a promessa do cientista Seth Lloyd de construir uma rede de computadores quânticos em três anos é viável, mas os protótipos serão muito lentos: "Essas primeiras máquinas vão demorar mais tempo para fazer cálculos matemáticos do que uma pessoa comum levaria", afirma.


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