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Proteção à privacidade é atrativo
BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, não há pesquisas similares àquela comandada pelo
cientista Seth Lloyd, mas alguns
físicos estão trabalhando em assuntos relacionados.
Os pesquisadores nacionais dedicam-se principalmente a explorar questões teóricas, sem o objetivo imediato de construir redes
de computação quântica.
Na opinião de Helio Waldman,
professor da Unicamp, a privacidade seria um dos principais atrativos: "Em uma rede quântica, as
comunicações poderiam ser imunes à espionagem".
Isso ocorreria graças a uma propriedade dos fótons, partículas de
luz utilizadas para transmitir informações no sistema quântico.
"Para obter informação transportada em fótons, seria preciso
medi-los, e isso faria com que eles
fossem alterados. Um "espião
quântico" seria imediatamente
detectável", explica o físico Ernesto Galvão, que desenvolve pesquisas teóricas sobre emaranhamento quântico e é aluno de doutorado na Universidade de Oxford, na
Inglaterra.
Esse detalhe poderia ser usado
na criação de sistemas de codificação quântica que protegessem o
sigilo de informações, já que,
"usando a mecânica quântica, seria possível decifrar os atuais códigos de criptografia (usados para
embaralhar informações e impedir que elas sejam lidas) muito
mais rapidamente", afirma o professor Luiz Davidovich, da UFRJ.
Isso tornaria os sistemas atuais
ineficazes, pois seria possível ler o
conteúdo de mensagens criptografadas com mais rapidez.
Dificuldades técnicas
Os cientistas brasileiros ouvidos
pela Folha ressaltam as possibilidades criadas pela nova tecnologia, mas são unânimes em enfatizar as dificuldades técnicas que
atrapalham ou impedem a construção de redes de computadores
quânticos.
"Há muita gente inteligente trabalhando em computação quântica, mas ela ainda está muito longe da prática", afirma Paulo Nussenzveig, pesquisador da USP.
Para ele, a promessa do cientista
Seth Lloyd de construir uma rede
de computadores quânticos em
três anos é viável, mas os protótipos serão muito lentos: "Essas
primeiras máquinas vão demorar
mais tempo para fazer cálculos
matemáticos do que uma pessoa
comum levaria", afirma.
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