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INTERNET QUÂNTICA
Apesar de experimental, projeto atrai recursos de companhias, e governo dos EUA estuda criar programa de financiamento
Empresas investem na nova tecnologia
SARA ROBINSON
DO "THE NEW YOR TIMES"
Laboratórios de pesquisas de
grandes empresas, tais como os
da Microsoft, IBM e AT&T, ou já
possuem um grupo que estuda a
computação quântica ou, como o
Centro Ames de Pesquisas da Nasa e a empresa Hewlett-Packard,
estão pensando em criar um. O
Departamento de Defesa dos
EUA está analisando a criação de
um programa para financiar pesquisas na área.
Um grupo em Nova York chegou ao ponto de fundar uma empresa de computação quântica, a
MagiQ Technologies, cuja meta
declarada é construir uma Internet quântica.
Recente conferência promovida
pelo Instituto de Pesquisas em
Ciências Matemáticas, em Berkeley (EUA), discutiu os avanços
mais recentes na área.
As discussões focalizaram o uso
de algoritmos para a solução rápida de problemas considerados insolúveis por computadores clássicos, a compreensão dos limites do
poder dos computadores quânticos, diferentes abordagens à construção de uma máquina prática e
métodos de correção de erros de
computação.
Mas, ao mesmo tempo em que
os participantes comemoravam
os avanços nessa tecnologia, eles
reconheceram que os pesquisadores ainda estão longe de compreender o potencial ou os limites
da tecnologia e ainda mais longe
de conseguir construir uma máquina quântica viável.
O pesquisador da AT&T Peter
Shor disse que, apesar de sua possível potência, os computadores
quânticos não vão necessariamente desempenhar todas as tarefas em menos tempo do que os
clássicos. Para ele, é provável que
um computador quântico vá desempenhar cada operação mais
lentamente do que o clássico.
A computação só poderá ser
acelerada no caso de determinados problemas para os quais os
pesquisadores descobriram métodos de explorar esse imenso cabedal de informações armazenadas, calculando uma resposta
com muito menos passos -método impossível nos computadores clássicos.
Alguns exemplos disso são o algoritmo criado por Shor para a fatoração de números em seus
componentes primos, processo
que possibilita a decifração de códigos, e um algoritmo (sequência
de passos para resolver um problema) criado por Lov Grover,
pesquisador do Bell Labs, para fazer buscas num tipo muito especializado de banco de dados.
Esse algoritmo permite que sejam feitas buscas em bancos de
dados na raiz quadrada do tempo
necessário para desempenhar a
tarefa num computador clássico.
Ou seja, uma tarefa que um computador clássico faz em 10 mil horas, o quântico realizaria em 100
horas.
O físico Isaac Chuang, do Centro Almaden de Pesquisas da IBM
em San José, Califórnia, descreveu várias tecnologias para a
construção de um computador
quântico. Em uma delas, os pesquisadores já conseguiram colocar em prática o algoritmo de busca em bancos de dados criado por
Grover, usando até quatro bits
quânticos.
Segundo Chuang, "o maior obstáculo à construção de um computador quântico é que ele teria
que ser isolado do mundo externo, mas, ao mesmo tempo, você
precisaria poder manipular o
computador em alta velocidade".
Pesquisas feitas por Daniel Gottesman, da Microsoft Research, e
por outros cientistas mostram
que erros nas operações podem
ser corrigidos, desde que não sejam muito numerosos.
Os pesquisadores parecem não
se desanimar com os muitos obstáculos que ainda precisam ser
superados para que possamos ter
um computador quântico em
nossas mesas de trabalho.
"Qual é o valor de um bebê recém-nascido?", pergunta Richard
Josza, professor de ciência da
computação na Universidade de
Bristol, na Inglaterra. "No momento, ele não é capaz de fazer
nada. Mas seu potencial não conhece limites."
Tradução de Clara Allain
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