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Usuário não deve investir em nova TV
DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A grande mudança em como o telespectador assiste à
televisão não deve ser motivo para alto investimento em
troca ou melhoria de aparelhos. Especialistas ouvidos
pela Folha recomendam ao
consumidor deixar a ansiedade de lado e esperar pelos
avanços da TV digital.
"O consumidor não deve
trocar imediatamente seu
aparelho de TV. Ele deve esperar até que realmente toda
a cidade de São Paulo seja
coberta, os testes tenham sido feitos e os equipamentos
tenham chegado ao mercado, para que tenha opções de
escolha", afirma Alexandre
Hashimoto, consultor de telecomunicações e coordenador do curso de sistemas da
informação das Faculdades
Integradas Rio Branco.
Hashimoto ressalta que se
o telespectador fizer a mudança agora vai pagar um
preço alto em troca de poucos recursos -terá que comprar conversor (set-top box),
antena UHF e já possuir TV
de LCD ou plasma. "Ele só
conseguirá a imagem digital
de melhor qualidade, mas
com poucos canais e serviços
disponíveis."
"Para realmente ter a TV
com qualidade digital, o telespectador tem que comprar um aparelho que custa
quase R$ 10 mil. A experiência digital vai ser muito cara", afirma Silvio Meira, professor de engenharia de software e cientista-chefe do
C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife). "Há um problema
adicional: você não tem, a
partir do começo, uma quantidade muito grande de programação transmitida."
Para Meira, a chegada da
TV digital ao Brasil é a batalha da década, porque tem
tudo para funcionar como
um dos motores de convergência entre mídias. "Você
vê cada vez menos televisão,
porque [o que você quer ver]
está no YouTube. Existe
uma visão de mundo que é o
sistema de broadcast [transmissão] que escolhe o que eu
quero ver. Mas eu quero controlar o que eu quero ver.
Com a TV digital, a noção de
que a TV sincroniza as pessoas vai ficar mais rala."
O grande desafio a ser enfrentado será o de fazer a TV
digital funcionar como a internet, segundo Meira. "Se
temos TV na tela da internet,
por que não o contrário? A
interatividade passa a ser interessante quando eu estou
vendo um programa, não entendo alguma coisa e vou
procurar na Wikipédia sobre
o que ele está falando", diz,
ressaltando que ainda não há
no mundo um sistema de interatividade eficiente.
Para Hashimoto, a chegada do sinal digital aberto é
um marco no sistema de comunicação brasileiro. "A
partir de 2008, o telespectador passa a ter liberdade de
escolha, ainda pouca. Mas
até 2016 vamos ter outros
recursos, sairemos da condição de reféns das emissoras."
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