São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Usuário não deve investir em nova TV

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A grande mudança em como o telespectador assiste à televisão não deve ser motivo para alto investimento em troca ou melhoria de aparelhos. Especialistas ouvidos pela Folha recomendam ao consumidor deixar a ansiedade de lado e esperar pelos avanços da TV digital.
"O consumidor não deve trocar imediatamente seu aparelho de TV. Ele deve esperar até que realmente toda a cidade de São Paulo seja coberta, os testes tenham sido feitos e os equipamentos tenham chegado ao mercado, para que tenha opções de escolha", afirma Alexandre Hashimoto, consultor de telecomunicações e coordenador do curso de sistemas da informação das Faculdades Integradas Rio Branco.
Hashimoto ressalta que se o telespectador fizer a mudança agora vai pagar um preço alto em troca de poucos recursos -terá que comprar conversor (set-top box), antena UHF e já possuir TV de LCD ou plasma. "Ele só conseguirá a imagem digital de melhor qualidade, mas com poucos canais e serviços disponíveis."
"Para realmente ter a TV com qualidade digital, o telespectador tem que comprar um aparelho que custa quase R$ 10 mil. A experiência digital vai ser muito cara", afirma Silvio Meira, professor de engenharia de software e cientista-chefe do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife). "Há um problema adicional: você não tem, a partir do começo, uma quantidade muito grande de programação transmitida."
Para Meira, a chegada da TV digital ao Brasil é a batalha da década, porque tem tudo para funcionar como um dos motores de convergência entre mídias. "Você vê cada vez menos televisão, porque [o que você quer ver] está no YouTube. Existe uma visão de mundo que é o sistema de broadcast [transmissão] que escolhe o que eu quero ver. Mas eu quero controlar o que eu quero ver. Com a TV digital, a noção de que a TV sincroniza as pessoas vai ficar mais rala."
O grande desafio a ser enfrentado será o de fazer a TV digital funcionar como a internet, segundo Meira. "Se temos TV na tela da internet, por que não o contrário? A interatividade passa a ser interessante quando eu estou vendo um programa, não entendo alguma coisa e vou procurar na Wikipédia sobre o que ele está falando", diz, ressaltando que ainda não há no mundo um sistema de interatividade eficiente.
Para Hashimoto, a chegada do sinal digital aberto é um marco no sistema de comunicação brasileiro. "A partir de 2008, o telespectador passa a ter liberdade de escolha, ainda pouca. Mas até 2016 vamos ter outros recursos, sairemos da condição de reféns das emissoras."


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