São Paulo, quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

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SEGURANÇA

Especialistas em segurança dizem que o Google Earth não traz riscos

Soft de mapas preocupa militares

KATIE HAFNER E SARITHA RAI
DO NEW YORK TIMES

No lançamento do Google Earth (um soft gratuito que une imagens aéreas e imagens de satélite com um serviço de mapas), seus desenvolvedores enfatizaram que o programa era uma ferramenta de navegação útil para propósitos educativos e divulgaram o valor das fotos em alta resolução de locais como a Torre Eiffel, o Big Ben e as pirâmides egípcias. Desde a sua estréia, porém, o Google Earth tem chamado a atenção de um público inesperado. Oficiais de diversos países declararam ser contra o detalhamento das fotos de edifícios do governo e de instalações militares. O representante da Índia, país cujas leis restringem duramente as fotografias por satélite, foi um dos mais francos em relação a essa questão. "Essa ferramenta pode comprometer severamente a segurança da nação", disse V.S. Ramamurthy, secretário do Departamento de Ciência e Tecnologia indiano. O representante do exército do país, o major Gopal Rao, vai além: "Eles nem mesmo nos consultaram [para obter autorização para fotografar]". Desconfianças semelhantes apareceram em relatórios de outros países. As autoridades da Coréia do Sul temem que o Google Earth possa descobrir detalhes estratégicos de suas instalações militares. Os tailandeses pretendem pedir ao Google que bloqueie imagens de prédios do governo que tenham vulnerabilidades. E o general Leonid Sazhin, do Serviço de Segurança Federal da Rússia, afirmou que "terroristas não precisam de um soft de reconhecimento de seus alvos e ainda assim uma empresa norte-americana está trabalhando para eles". Até agora, entretanto, as autoridades têm pouco a fazer senão protestar. O Google Earth representa um dos mais altos investimentos de um mundo digitalmente interligado, no qual informações que eram cuidadosamente guardadas são largamente disponíveis para qualquer computador pessoal. Vários analistas em segurança concordam que essa transparência excessiva e o desconforto que ela proporciona são inevitáveis conseqüências do poder e do alcance da internet. Especialistas norte-americanos de dentro e de fora do governo normalmente concordam que classificar o Google Earth como uma ameaça parece ser um erro, uma vez que as imagens exibidas pelo soft podem ser adquiridas diretamente de empresas especializadas ou de outras fontes. O serviço do Google licencia a maioria de suas imagens de companhias como a DigitalGlobe. "Eles não estão comprando imagens novas", explica o diretor da Global Security, John Pike (www.globalsecurity.org). "O soft simplesmente está reorganizando fotos que já foram obtidas. Se elas fossem causar algo perigoso, isso já teria acontecido", diz Pike, cuja empresa também dispõe de uma galeria de fotos tiradas por satélites. Além disso, existem várias restrições legais nos EUA que proíbem que as empresas vendam fotos em alta resolução de áreas problemáticas. Elas ainda exigem que as imagens tenham um atraso de pelo menos 24 horas para que sejam comercializadas.


Tradução de Juliano Barreto

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