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Apesar da perseguição das gravadoras, as redes de troca de
arquivos musicais continuam funcionando e oferecem grande acervo de canções
JULIANO BARRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O volume está mais baixo. A
música já não é tão alegre. Mas a
festa das redes de troca gratuita de
arquivos ainda não acabou.
Mesmo após diversas derrotas
na Justiça norte-americana e com
a pressão das gravadoras dos
EUA representadas pela Ria
(www.riaa.org), ainda é possível
entrar na internet e, sem pagar
nada, copiar músicas de um acervo praticamente inesgotável diretamente para o seu PC.
Apesar da consolidação do mercado legal de venda de música on-line, dos cerca de 15 mil usuários
processados por trocar músicas e
das leis que protegem os direitos
autorais, as redes P2P (ponto a
ponto) se reinventam e continuam a incomodar.
Programas e serviços que herdaram o legado do pioneiro
Napster, como o AudioGalaxy e o
WinMX, ganharam popularidade
e depois morreram. Mas, graças a
uma estrutura focada nos usuários, a rede BitTorrent, que hoje lidera o movimento de troca de arquivos, é praticamente imune aos
ataques judiciais e às mazelas dos
vírus e dos programas espiões.
Há ainda outras opções para
baixar músicas na internet que
sobrevivem. Redes como a do Kazaa e a do eDonkey, que foram
condenadas nos tribunais, continuam a operar com ajuda de
adaptações feitas por usuários.
Novos programas e redes alternativas, que dão ênfase à privacidade do usuário, não param de
aparecer e de recrutar adeptos. É
possível baixar músicas usando
desde os modernos podcasts,
programas de rádio on-line distribuídos automaticamente, até as
pioneiras salas de bate-papo da
rede IRC.
Seguindo como está, o cenário
da música on-line não permite
previsões certeiras para o futuro.
As lojas virtuais legalizadas prosperam, mas aparecem novas formas de compartilhar conteúdo.
Quem tiver menos fôlego para superar os desafios pode perder o
passo e sair da dança.
Falando em números
De acordo com dados da Federação Internacional da Indústria
Fonográfica (www.ifpi.org), a receita do setor, sustentado em
grande parte pela venda de CDs,
caiu de US$ 39,7 bilhões, em 2000,
para US$ 33,6 bilhões, em 2004.
O download gratuito de músicas é considerado o grande vilão
da história e a repressão às redes
de troca só tem aumentado nos
últimos anos -apesar do sucesso
das lojas legalizadas. Desde 2003,
ano de seu lançamento, a loja virtual iTunes (www.itunes.com) já vendeu mais de 1 bilhão
de músicas pela internet.
Com cerca de 2 milhões de canções disponíveis em seu catálogo,
o site, que é intimamente ligado
ao tocador iPod, ajudou a indústria da música a vender 420 milhões de faixas no mundo e a elevar sua receita em 6%.
Assim, é cada vez menos interessante para as gravadoras que as
pessoas continuem a baixar conteúdo sem pagar nada.
Outros inimigos da troca livre
são as empresas provedoras de
acesso. Segundo estimativa da
Cache Logic (www.cachelogic.com), com o aumento no tamanho dos arquivos compartilhados, as transferências feitas via
P2P são responsáveis por 80% do
tráfego da internet. Um excesso
caro para as empresas, que também enxergam as redes de troca
como focos de spam.
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