São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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Mulheres desafiam machismo

DA ASSOCIATED PRESS

No primeiro olhar, as garotas do grupo Les Seules se parecem com integrantes de uma banda de rock formada por mulheres de atitudes rebeldes.
Mas as suecas não tocam instrumentos. Elas competem em campeonatos de videogames. "Nós queremos mostrar para o resto do mundo que garotos e garotas podem jogar no mesmo nível", afirmou Louise Thomsen (que usa o codinome AurorA) na convenção DigitalLife, que durante quatro dias discutiu temas relacionados a tecnologia e entretenimento.
O nome do grupo significa algo como "As Forasteiras", em francês, mas, no competitivo mundo do jogo de tiroteio Counter-Strike, elas são bastante conhecidas graças às suas apuradas técnicas de combinação de metralhadoras e granadas e também pela beleza de suas integrantes.
"Isso já era previsto", disse Thomsen sobre os seus fãs. "É um universo dominado por homens. Você deve se acostumar a bloquear esse tipo de assédio e se concentrar no porquê você está lá. Mas qualquer atenção extra ao esporte eletrônico é um bônus".
No início do ano, as Seules jogaram a divisão feminina da Copa do Mundo de Esportes Eletrônicos, em Paris, e ficaram em quarto lugar, chegando na frente de times de brasileiras e de norte-americanas. Agora elas se dizem prontas para ir além das partidas de garotas contra garotas: querem vencer em competições sem restrição de gênero, ainda dominadas por homens.
Com idades entre 16 e 25 anos, as Seules também são conhecidas como as Swedish Girls of Gaming (garotas suecas dos games), apelido dado em uma reportagem da "Sync Magazine", que em novembro trouxe um ensaio fotográfico estrelado por elas, com roupas e maquiagens no estilo dos anos 80. "Parecia o Halloween", disse Bystrom sobre a experiência.
A revista pagou uma viagem para Nova York para que as garotas participassem de uma convenção no Jacob K. Javits Convention Center, que promoveu o lançamento da edição e competirem com outros jogadores. Foi a primeira vez que elas visitaram a cidade. "É realmente grande", disse a integrante Malin Ohman.
As reuniões de mulheres jovens que jogam games on-line multijogador como CounterStrike começaram há cerca de três anos. Embora a maioria das Seules seja da Suécia, as jogadoras do time estão geograficamente divididas. "Nós nos conhecemos on-line. Um grande campeonato se aproximava e sobramos nas seleções dos times. Então nos juntamos", conta Bystrom.

Rotina dura
As garotas levam sua jogatina muito a sério. Têm treinador profissional, gerente e agenda de treinamentos semelhante à de atletas olímpicos. Praticam por cerca de cinco horas diárias, seis dias por semana e ainda têm tempo para trabalhar e estudar.
"Jogar com garotas é diferente. Você pode conversar sobre qualquer coisa", disse Sofie Sandager (que usa o codinome Zelena). "Você pode criar ótimos relacionamentos fora dos jogos. Todo mundo se entende. É como ter novas irmãs".
As Les Seules são Thomsen, 24, a líder não-oficial; Thelma Lundin, 20, a jogadora competitiva; Bystrom, 20, a rebelde; Sandager, 18, a festeira; Ohman, 16, a atleta séria; Anna Nordlander, 17, a criança selvagem; e Emily Clewett, 25, a mais quieta.

Jogo sério
Atualmente, os jogadores (e jogadoras) mais habilidosos são patrocinados por empresas de informática ou fabricantes de games e disputam campeonatos com prêmios milionários. Neste ano, o vencedor do torneio CPL (Cyber-athlete Professional League), por exemplo, embolsou US$ 100 mil.
A atividade também rende lucros expressivos para os jogadores da Coréia do Sul, onde 70% da população tem conexão de alta velocidade à internet e o ganho anual dos melhores ciberatletas ultrapassa os US$ 100 mil.


Tradução de Juliano Barreto

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