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INTERNET X PORNOGRAFIA
Rede luta para banir páginas de pedofilia
RODRIGO RIMON
da Reportagem Local
AIRTON LOPES
free-lance para a Folha
Estupros de crianças transmitidos ao vivo. Fotos de bebês de 1 a 2
anos de idade sofrendo abuso sexual.
A presença desse tipo de material
em sites, mensagens de correio eletrônico, salas de bate-papo e outros canais de comunicação da Internet, como os IRCs, mobilizou
governos, polícias, organizações
não-governamentais, provedores
de acesso e grupos de internautas
de todo o mundo contra a pornografia infantil on line. Até sites
adultos participam da cruzada.
Segundo especialistas em crimes
na Internet, existem hoje na rede
cerca de 23 mil sites dedicados à
pedofilia. No Brasil, o número de
denúncias de páginas com pornografia infantil aumentou de cerca
de duas para mais de dez por semana no último ano.
Campanhas
Para lutar contra o problema, a
Abranet (Associação Brasileira de
Provedores de Internet), em parceria com o Ministério Público do
Estado de São Paulo, lançou a campanha Pornografia Infantil N@O.
O principal objetivo da campanha, iniciada em novembro de
1997 e encampada pelos maiores
provedores de acesso do país, é estimular a denúncia de páginas e de
troca de material com pornografia
infantil pela rede.
Os sites que participam da campanha têm espaço para os internautas indicarem as páginas com
material ofensivo.
Segundo António Tavares, presidente da Abranet, desde o início da
campanha, já foram feitas mais de
1.500 denúncias.
Além das iniciativas em cada
país, em um congresso promovido
pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura) nos dias 18 e 19
de janeiro, em Paris, foi elaborado
um plano internacional de combate à pedofilia disseminada via Internet que age em duas frentes: na
pesquisa, investigação e prevenção
e na criação ou adaptação da legislação para esse tipo de crime. As
conclusões do encontro estão em
www.unesco.org/webworld/childscreen/index.html.
Polícia digital
Polícias de diversos países já possuem ciberesquadrões especializados no combate à pedofilia.
Além de vasculhar a rede atrás de
sites com pornografia infantil e
tentar localizar os seus criadores,
os policiais investigam os computadores dos provedores -conhecidos como servidores. Com o
apoio das empresas e autorizações
de busca, eles procuram indícios
ou provas do crime em mensagens
eletrônicas e conversas em salas de
bate-papo de pessoas sob suspeita.
A maior ofensiva policial contra
os pedófilos aconteceu no dia 2 de
setembro do ano passado. Em uma
megaoperação conjunta nos Estados Unidos e na Europa, mais de
cem pessoas foram detidas em 12
países sob a acusação de publicação e troca de pornografia infantil
na Internet. A Operação Catedral
apreendeu CD-ROMs e vídeos
com imagens de crianças.
Segundo Mauro Marcelo de Lima e Silva, delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, 95%
das investigações encerram casos
de sucesso. "Mas, se esse número
quintuplicar no próximo mês, não
podemos garantir o mesmo sucesso."
Movimentos organizados de internautas também participam desta luta promovendo campanhas.
Na maioria dos casos, os sites recebem denúncias e as encaminham
para a polícia. Outros vão além e
partem para a investigação de sites
suspeitos.
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