São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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INTERNET X PORNOGRAFIA

Rede luta para banir páginas de pedofilia

RODRIGO RIMON
da Reportagem Local

AIRTON LOPES
free-lance para a Folha

Estupros de crianças transmitidos ao vivo. Fotos de bebês de 1 a 2 anos de idade sofrendo abuso sexual.
A presença desse tipo de material em sites, mensagens de correio eletrônico, salas de bate-papo e outros canais de comunicação da Internet, como os IRCs, mobilizou governos, polícias, organizações não-governamentais, provedores de acesso e grupos de internautas de todo o mundo contra a pornografia infantil on line. Até sites adultos participam da cruzada.
Segundo especialistas em crimes na Internet, existem hoje na rede cerca de 23 mil sites dedicados à pedofilia. No Brasil, o número de denúncias de páginas com pornografia infantil aumentou de cerca de duas para mais de dez por semana no último ano.

Campanhas
Para lutar contra o problema, a Abranet (Associação Brasileira de Provedores de Internet), em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo, lançou a campanha Pornografia Infantil N@O.
O principal objetivo da campanha, iniciada em novembro de 1997 e encampada pelos maiores provedores de acesso do país, é estimular a denúncia de páginas e de troca de material com pornografia infantil pela rede.
Os sites que participam da campanha têm espaço para os internautas indicarem as páginas com material ofensivo.
Segundo António Tavares, presidente da Abranet, desde o início da campanha, já foram feitas mais de 1.500 denúncias.
Além das iniciativas em cada país, em um congresso promovido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) nos dias 18 e 19 de janeiro, em Paris, foi elaborado um plano internacional de combate à pedofilia disseminada via Internet que age em duas frentes: na pesquisa, investigação e prevenção e na criação ou adaptação da legislação para esse tipo de crime. As conclusões do encontro estão em www.unesco.org/webworld/childscreen/index.html.

Polícia digital
Polícias de diversos países já possuem ciberesquadrões especializados no combate à pedofilia.
Além de vasculhar a rede atrás de sites com pornografia infantil e tentar localizar os seus criadores, os policiais investigam os computadores dos provedores -conhecidos como servidores. Com o apoio das empresas e autorizações de busca, eles procuram indícios ou provas do crime em mensagens eletrônicas e conversas em salas de bate-papo de pessoas sob suspeita.
A maior ofensiva policial contra os pedófilos aconteceu no dia 2 de setembro do ano passado. Em uma megaoperação conjunta nos Estados Unidos e na Europa, mais de cem pessoas foram detidas em 12 países sob a acusação de publicação e troca de pornografia infantil na Internet. A Operação Catedral apreendeu CD-ROMs e vídeos com imagens de crianças.
Segundo Mauro Marcelo de Lima e Silva, delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, 95% das investigações encerram casos de sucesso. "Mas, se esse número quintuplicar no próximo mês, não podemos garantir o mesmo sucesso."
Movimentos organizados de internautas também participam desta luta promovendo campanhas. Na maioria dos casos, os sites recebem denúncias e as encaminham para a polícia. Outros vão além e partem para a investigação de sites suspeitos.


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