São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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INTERNET X PORNOGRAFIA

Policial brasileiro investiga cibercrime

Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
Delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, que investiga crimes na rede


da Reportagem Local

Desde que se começou a falar em Internet no Brasil, o delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, da Polícia Civil do Estado de São Paulo, está estudando maneiras de render criminosos virtuais.
Segundo ele, em um ano o número de denúncias de brasileiros envolvidos com pornografia infantil subiu de "uma ou duas por semana para algo entre dez ou 15".
"É impossível calcular com precisão o número de sites desse tipo. O grosso da pedofilia não acontece na Web, mas na subWeb, em salas de bate-papo e em programas como IRC e "ICQ"."
Além do mais, o que realmente acontece e o que chega ao conhecimento da polícia são números diferentes. "As pessoas nem sempre sabem que nós temos condições de elucidar esses crimes", diz.
Segundo Silva, está sendo criada uma unidade de crimes virtuais, com investimentos do Estado e da indústria. Ele citou apoios da Microsoft e da Computer Associates, que oferecerá um curso de formação de ciberpoliciais.
O centro responderá à polícia estadual, mas, segundo ele, "o mundo on line pulveriza fronteiras". A seguir, trechos da entrevista.

Folha - Como investigar pela Internet?
Mauro Marcelo de Lima e Silva -
A maneira mais interessante é a diligência policial virtual. Em vez de pegar em armas e sair caçando com viaturas, eu conecto meu notebook e saio varrendo a rede atrás de brasileiros cometendo crimes.

Folha - Quais são os truques?
Silva -
Fazemos buscas com palavras-chaves como lolita ou teens, mas já cheguei a encontrar esses nomes invertidos para despistar a polícia. Muitas vezes participamos de bate-papos com apelidos falsos.

Folha - E quando uma denúncia é confirmada?
Silva -
A primeira providência é coletar provas. Fotografamos, gravamos uma cópia do site e imprimimos em papel especial. Se o criminoso estiver em provedores estrangeiros, temos alguns acordos para evitar o trâmite diplomático formal, que leva tempo.

Folha - Existem dificuldades?
Silva -
Muitas. Os mais competentes softwares de busca não capturam nem 20% dos sites. A polícia não tem condições de acompanhar o avanço da tecnologia. E há problemas para treinar policiais.

Folha - Quais são os problemas para o treinamento?
Silva -
A maioria dos policiais não sabe como funciona a Internet, e a polícia ainda não tem um curso oficial.


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