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CÂMBIO
Quem aplicou em renda fixa no México, em 1994, e, no Brasil, em 1995, recuperou as perdas com alta do dólar
Avalie a eficiência do seu fundo cambial
da Reportagem Local
A corrida de investidores por
proteção cambial deve ser analisada com cuidado. Comprar dólares
no mercado paralelo tem se mostrado um péssimo negócio nos últimos anos e os fundos cambiais, que estão registrando captações recordes não se traduzem na proteção perfeita.
Isso ocorre porque as taxas de
juro são muito altas e tendem a
compensar as perdas com o câmbio. "Fundos cambiais só para
quem tem dívidas em dólar", diz
um analista. Mesmo assim, é importante observar que o valor a ser
protegido nesse fundo deve ser
maior do que a dívida, pois são
aplicações que têm 20% de tributação de Imposto de Renda.
Quando, em março de 1995, o
governo desvalorizou o real em
5%, quem havia investido em títulos federais, por meio dos fundos
de renda fixa, lamentou não ter
saído antes do "pacote Pérsio Arida", e se protegido em aplicações
indexadas ao dólar.
Mas, como os juros na época estavam em 45% ao ano, os fundos
conseguiram zerar as perdas em
pouco tempo. Segundo cálculos de
analistas de mercado, seis meses
depois, quem tinha perdido dinheiro com a mudança no câmbio
e permaneceu na renda fixa, já havia recuperado as perdas.
México
A mesma experiência tiveram os
investidores mexicanos em 1994.
No dia 21 de dezembro, o dólar subiu 15,2% e a taxa de juro pulou
para 20% ao ano. Daquele dia, até
o dia 10 de janeiro de 1995, a variação do câmbio foi de 43,5%, enquanto os juros andaram 49%.
A partir daquela data até o dia 18
de abril, o dólar subiu mais 9,3%,
enquanto os juros ficaram em 78%
ao ano. "Como os juros permaneceram muito tempo em um patamar alto, compensaram a perda de
quem tinha aplicações em pesos,"
diz um analista.
As duas experiências mostram
que, quando ocorre uma desvalorização da moeda, no primeiro
momento o investidor que não fez
"hedge' (proteção) cambial sai
perdendo. Mas, graças aos juros
altos, ele acaba zerando as perdas.
As carteiras dos fundos cambiais
contêm, além de títulos federais
que pagam a correção cambial
mais juros, títulos públicos prefixados. Como toda desvalorização
da moeda vem acompanhada por
juros altos, o que o fundo ganha
com a correção cambial, perde pelo lado dos juros prefixados.
Aplicações em NTN-D
Analistas simularam duas aplicações, resgatáveis em um ano,
para confirmar essa tese. Uma delas em títulos cambiais (NTN-D) e
a outra, em títulos federais, mas
ambas pagando a mesma taxa de
juros (20% ao ano, por exemplo).
Conclusão: mantidas as atuais
taxas de juro de quase 50% ao ano,
só deve investir em fundos cambiais quem aposta numa desvalorização de 25%.
Se isso ocorrer, a aplicação feita
em títulos federais só alcançaria o
rendimento da NTN-D depois de
356 dias, ou seja, após o vencimento do título. Nesse caso, a rentabilidade anual do título cambial
é mais vantajosa.
Juros de 40%
Se os juros caírem para, por
exemplo, 40% ao ano, seria necessário que o governo fizesse uma
desvalorização cambial de 20%
para que os títulos cambiais rendessem mais que os federais.
Pelas contas dos analistas, seriam necessários 419 dias para os
títulos federais alcançarem o rendimento dos cambiais.
A essa altura, as aplicações já teriam vencido. Ou seja: também
nesse caso o investidor que tivesse
feito "hedge" cambial se daria
bem.
Esse tipo de aplicação também é
mais vantajoso do que aquelas em
títulos federais se os juros estiverem em um patamar mais baixo
que o atual, de 20% ao ano, por
exemplo, e a desvalorização for
pequena, de 5%.
Seriam necessários 7.033 dias
para os títulos federais alcançarem
o rendimento dos cambiais. Ou
seja, as NTN-D ganhariam de goleada dos títulos federais. Mas não
é esse o cenário, no momento.
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