São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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VIDA REAL
Histórias de insucesso financeiro mostram o que fazer para não cometer erros na hora de fazer suas aplicações
Evite perder dinheiro com decisões erradas

Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
O analista de sistemas Antonio Carlos Bonatti, que perdeu todas suas economias, com a falência do Comind, às vésperas do nascimento da filha



SANDRA BALBI
da Reportagem Local

Uma semana antes do nascimento de Fernanda, seu pai, Antônio Carlos Bonatti, viu suas economias, concentradas numa instituição que acabara de quebrar, o Comind, irem para o ralo.
Jesus Alfredo Ruiz Sulzer, de Campo Grande (MS), também quis um ombro para chorar quando perdeu, de uma só vez, R$ 16 mil, aplicados num fundo de ações.
Mas isso é pouco se comparado ao prejuízo amargado pelo mineiro Mauro Coelho: US$ 29 mil na sua primeira ida aos pregões.
Como esses investidores, alguns outros entrevistados pelo Folhainvest guardam na memória histórias de insucessos financeiros que poderiam deixá-lo sensibilizado -e preocupado. Sim, porque essas histórias poderiam ter sido protagonizadas por você.
Depois do problema estourar, não adianta querer culpar o governo, o Congresso, o gerente do banco ou os amigos pelas "dicas" furadas. Ponha na cabeça que o único responsável pelo sucesso ou não dos seus investimentos é você mesmo.
O pai de Fernanda teve de fazer um empréstimo para pagar as despesas com a maternidade onde nasceu a filha. O erro de Bonatti? Concentrou suas aplicações num único banco, que pagava taxas altíssimas. O que Bonatti esqueceu é que se o Comind pagava taxas muito acima da média é porque algo estava errado. Ganhos maiores, riscos maiores. Não há mágica. O Comind pagava mais porque precisava captar mais.
Avaliar riscos e preceder a decisão de investimento de uma reflexão sobre qual o perfil do investidor. Essa é outra regra no mundo dos investimentos que nem sempre é respeitada. Jesus Alfredo Ruiz "pecou" justamente nesse ponto. Aplicou num fundo de ações e, quando as cotas começaram a despencar, por conta da crise das Bolsas, resgatou o dinheiro do fundo. Perdeu, naturalmente. "Se tivesse tido mais sangue frio, teria recuperado parte das perdas", diz ele.
O erro de Mauro Coelho foi ter concentrado seus investimentos em um só papel e de não ter observado sua representatividade no Ibovespa (índice da Bolsa de Valores de São Paulo). "Nunca vou esquecer. O dinheiro que perdi daria para comprar um apartamento na época", lamenta.
Concentrar os investimentos num único banco ou ativo é um erro até mesmo para quem investe em poupança. Observe que os clientes da caderneta poupança do Crefisul, banco que foi liquidado neste mês, só receberão, por enquanto, os R$ 20 mil garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
O Folhainvest entrevistou vários leitores que fizeram aplicações que se revelaram um furo n'água e reproduz essas histórias de insucesso financeiro na página 2-3.
Preste atenção em cada caso e veja qual foi o erro desses investidores. Suas experiências são uma lição de vida e podem ajudá-lo a evitar perdas futuras.
²

Intuição "Pequenos e médios investidores erram porque não têm conhecimento técnico para tomar decisões nem tempo disponível para administrar sua carteira de investimentos", observa Victor Zaremba, consultor financeiro. Tomam decisões, acrescenta, sem lastro técnico, por pura intuição.
Se você tem apenas aquele dinheirinho que sobra no final do mês, procure se informar para evitar tropeços na hora de investir.
Para Zaremba, quem aplica em fundo de ações, por exemplo, tem de aprender a avaliar a performance do fundo. "Há dois parâmetros para isso: o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), que considera as 57 ações mais negociadas, e o FGV-100, que retrata o comportamento das ações das 100 maiores empresas de capital privado negociadas em Bolsa", diz.



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