São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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MERCADOS
País vive um clima de otimismo que favorece as ações, mas analise com cautela
Avalie sua carteira durante a trégua


MARA LUQUET
Editora do Folhainvest

Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, tentava acalmar o mercado, o que já se tornou uma rotina em sua vida. Só que, desta vez, o ministro criticou o otimismo apressado que está tomando conta do mercado.
A julgar pelo comportamento, neste mês, da Bolsa, do dólar e dos mercados futuros, a crise ficou para os historiadores. Mas não é bem assim, como advertiu Malan a uma platéia de banqueiros no Rio. Para ele, a situação de turbulência permanecerá ainda pelos próximos meses. Somente no segundo semestre é que deverá haver uma recuperação consistente.
Neste mês, o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) acumula uma alta de 22%. Em dólar, a alta do Ibovespa chega a 42%.
Isso porque o dólar vem apresentando quedas expressivas neste mês. Na média, o dólar amarga uma queda de 14% e o ouro, de 15%. São mercados nervosos, de maior risco, e sua queda reflete uma melhora na percepção do risco brasileiro.
"Os investidores podem se desfazer de suas aplicações em dólares, pois dificilmente teremos uma pressão no câmbio nas proporções de janeiro", diz Antônio Costa, sócio da Oryx Asset Management.
Os fundos cambiais apresentam, na média, uma perda de 10,26%, enquanto os principais fundos de renda fixa distribuídos ao varejo apresentam, no período, um ganho de 2,44%. "Estamos vivendo uma trégua que se estenderá pelos próximos 120 dias", acredita Costa. Para ele, há condições atualmente para direcionar parte das aplicações para opções mais rentáveis (e de maior risco). Uma boa alternativa é aproveitar a queda nas taxas de juro, que deve prosseguir, e alocar uma fatia de suas economias em fundos conservadores e moderados.
Luis Eduardo de Assis, diretor do HSBC Asset Management, observa que, mesmo com a alta expressiva do Ibovespa, neste mês, o mercado de ações ainda deve ser considerado uma boa opção de investimentos este ano. A alta observada no preço das ações foi impulsionada apenas por dinheiro de brasileiros, na avaliação de Assis. Mesmo os dólares que entraram na Bolsa este mês correspondem a uma repatriação de capital, em sua maioria.
O dinheiro do investidor efetivamente estrangeiro deverá chegar nas próximas semanas e a expectativa é que servirá como um combustível valioso para a valorização do Ibovespa. "Esse dinheiro poderá garantir ganhos importantes para as ações", diz Assis.




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