São Paulo, segunda, 29 de março de 1999

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INVESTIMENTOS
Veja o que os especialistas financeiros recomendam para que você evite erros elementares ao investir
Faça seu dinheiro crescer sem sobressaltos

SANDRA BALBI
da Reportagem Local

Você já fez um investimento do qual se arrependeu? Relaxe. Você não é o único a amargar ressentimentos no mercado financeiro. Fizemos essa pergunta a alguns leitores do Folhainvest e descobrimos que há muitas mágoas acumuladas com perdas financeiras (leia textos nesta página).
Os especialistas costumam dizer que esse é um mercado maníaco-depressivo. "Quem perde dinheiro em ações ou outros ativos jura que nunca mais vai investir", diz Victor Zaremba, consultor financeiro e autor do livro "Cuidando do seu dinheiro". "A emoção só agrava o problema", acrescenta.
Para evitar dores de cabeça, os especialistas recomendam que os pequenos investidores (com carteiras de até R$ 50 mil) não apliquem em um ativo sem conhecê-lo profundamente.
"Descubra o risco de cada aplicação e se certifique de que está disposto a assumi-lo", diz Gabriel Jafet, diretor de renda variável da Oryx Asset Management.

Definição
O segundo passo é definir o objetivo do seu investimento. Se é para pagar a faculdade dos filhos no futuro, comprar um imóvel ou simplesmente obter uma renda adicional.
Isso determinará seu próximo passo: a escolha do prazo do investimento. "O ideal é fazer várias aplicações com prazos diferentes", diz Jafet. Dessa forma, você evitará ter de sacar seu dinheiro antes do vencimento da aplicação, em uma emergência, perdendo o rendimento.
A diversificação é a principal forma de proteger seu dinheiro. "Diversifique ativos, prazos e instituições financeiras", recomenda Boris Muroch, diretor da Reliance Serviços Financeiros.
Sua empresa assessora investidores com bom poder de fogo, donos de carteiras de, no mínimo, R$ 300 mil.
Mas a diversificação também está ao alcance de pequenos e médios aplicadores. "Os bancos comerciais criaram os chamados fundos de aplicação em cotas, os FACs, que aplicam em fundos de investimentos com uma carteira bastante diversificada", diz Muroch.

Produtos avulsos
Um dos erros cometidos com mais frequência pelos pequenos investidores ouvidos pelo Folhainvest foi, justamente, a concentração em um único ativo. "Não tem sentido nem para grandes investidores aplicar em produtos avulsos", diz Muroch.
Antonio Carlos Bonatti (leia texto na página 2-1) aplicou toda sua reserva financeira no overnight, em um banco que quebrou, o Comind. Só recuperou 25% do seu capital seis meses depois.
Outro erro comum é tentar administrar sozinho uma carteira de ações.
"Não opere sozinho sua carteira de ações a menos que tenha tempo e conhecimento técnico para isso", alerta Zaremba. "Procure um bom fundo de ações", diz.

Profissionais
Não pense, porém, que só os leigos erram e sofrem com isso. Uma briga em que não faltam acusações emocionais está armada no mercado financeiro, envolvendo os acionistas minoritários da Lightpar e administradores de fundos de grandes bancos.
Quem comprou ações da empresa, uma subsidiária da Eletrobrás, nas últimas semanas, teve ganhos espetaculares.
O papel se valorizou 2.474% neste mês. Acontece que a Lightpar, que era uma casca oca, deverá compor, com um sócio privado, a Eletronet, que vai operar a rede de transmissão de dados por fibras óticas da Eletrobrás.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investiga se houve vazamento de informação privilegiada. "Os gestores de fundos que perderam essa onda de alta pressionam por uma revisão das regras da Eletronet, para esvaziar o papel", diz Roberto Dotta, gestor do fundo Arcádia, da Tudor Asset Management.
Segundo ele, o seu fundo e um grupo de 40 investidores estão se preparando para entrar com ação na Justiça, caso a Eletrobrás altere o formato da Eletronet. "Se mudarem as regras do jogo e os cotistas do meu fundo perderem dinheiro, vou à Justiça", afirma Dotta.



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