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MÉXICO
Reação católica
Padre que lidera ofensiva diz que ter ignorado surgimento da Universal foi erro
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO
Em 2008, o jornal semanal da poderosa
Arquidiocese da Cidade do México dedicou
duas de suas páginas
para criticar a Igreja Universal
do Reino de Deus, num raro
ataque direto a outra religião.
O material, em formato de perguntas e respostas, falava do
histórico da igreja e de acusações de extorsão e fornecia
links do YouTube.
O autor do texto é o padre
José de Jesús Aguilar, subdiretor da área de TV e rádio da arquidiocese e um dos principais
críticos da Universal no país,
que tem 88% da população declarada católica e ao qual o papa João Paulo 2º se referia como "o México, sempre fiel".
Mas, para o padre Aguilar, a
Igreja Católica peca por omissão ao não mudar de estratégia
para manter seus fiéis. "Se eu
pudesse, teria um programa
que nem o deles, bem produzido, com música relaxante", disse, em referência a "Pare de Sufrir" e "Habla Que Te Escucho"
[Fala Que Te Escuto], que a
igreja de Edir Macedo leva ao
ar em dois canais.
Num sábado, quando a programação da Universal está no
ar, à meia-noite, Aguilar aparece como convidado na TV num
programa de entretenimento e
aconselhamento chamado
"Frente a Frente". Ele também
faz pontas em novelas. "Quando "Pare de Sufrir" chegou, o
cardeal e alguns sacerdotes
menosprezaram: "Ah, é um
grupo de brasileiros que vai
passar na madrugada. Quem
vai dar importância?'", irrita-se
o padre.
"Mulher especial"
"É preciso admitir que a Universal preenche muitos vazios.
Toca diretamente em problemas cotidianos dos fiéis, incluindo os mais fragilizados. O
problema é a tese de que, se você está sofrendo, é porque não
deu o suficiente para Deus."
Os pastores da Universal evitam ataques ao catolicismo,
embora condenem a idolatria.
"Fui criada no catolicismo, mas
sempre fui pouco afeita aos
santos. Lá [na Universal] eles
jamais criticam outra religião",
garante Marilena Villamontes
Rojas, frequentadora da igreja
há 16 anos. No culto do qual Villamontes participara pouco
antes, visto pela reportagem
em agosto do ano passado, o
pastor referiu-se a Maria em
uma oração, chamando-a de
"mulher especial" por ter gestado Jesus.
Villamontes diz ter sido levada por uma amiga quando estava deprimida por causa da separação do primeiro marido.
Com o segundo marido também teve problemas. "Hoje eu
compreendo que foi bruxaria."
Questionada sobre acusações de manipulação para arrecadar doações, disse: "Ouvi falar das denúncias. Mas eles [a
igreja] não obrigam a dar dinheiro, eles pedem".
Ao lado do atual marido, Villamontes acomodava os netos
no carro. "Aqui, eu consegui
uma vida de paz. Mas é lógico
que os problemas não acabam.
Eu tenho sete filhos."
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