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A civilização da fotossíntese
"Racionalidade Ambiental" alerta sobre a degradação ambiental e dependência
do petróleo
GILBERTO VASCONCELLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Embora copioso, bitelão, abundoso em palavras e repetições, este livro -espécie de
tratado muito bem informado sobre o que se tem publicado alhures na área de ecologia, economia, sociologia e
ambiente- traz uma advertência fundamental que nos concerne, a nós que habitamos o
território das florestas dos trópicos.
O planeta Terra, regido por
um sistema produtivo predador da natureza, somente se resolverá com uma civilização da
fotossíntese, em que a energia
é plantada na terra.
De 1970 em diante é cada vez
maior a consciência de que a
natureza, a biosfera, possui limites, a partir dos quais poderá
entrar num processo de entropia incontrolável e pifar de vez.
Daí o risco de não mais haver
vida na Terra antes mesmo de a
luz do Sol se apagar definitivamente. Estamos diante de um
perigo terrível: o da morte entrópica do planeta, causada por
um tânatos ecológico que pode
levar o capitalismo a uma crise
terminal, pondo outro coveiro
seu além do projetado proletariado, isto é, o ambiente, o contorno ecológico, a Terra.
A razão econômica antinatura parece ter atingido seu zênite de degradação. Os ricos, os
burgueses, os bacanas, os marajás, os "primeiromundosos"
já ouviram soar o alarme acerca da ecologia em pânico.
A racionalidade econômica é
hoje sinônimo de destruição da
natureza, sobretudo causada
pela queima de CO2 na atmosfera proveniente do uso de carvão mineral e de petróleo. E a
chamada "dívida ecológica" é
dos países ricos em relação aos
países pobres, porque aqueles
são os que mais poluíram a terra, a água, a biosfera.
Ideologia verde
Se a ecopolítica não for compreendida pelo prisma energético do poluidor hidrocarbonato, ela converte-se em ideologia
de partidos verdes naturebas, e
com perfil de butique, pois a
raiz da crise ecológica se encontra na indústria petroquímica,
cuja sustentação é o binômio
dólar-petróleo.
Enrique Leff está certíssimo
em sublinhar que o imperativo
para resolver a crise ecológica
está posto na "despetrolização
da economia". É essa produção
econômica, ancorada nos combustíveis fósseis, que aumenta
a degradação entrópica da terra, de modo que a única maneira de reapropriar racionalmente a natureza é pela produção
energética da biomassa a partir
da fotossíntese, que é a geradora da matéria viva, vegetal e
animal.
É uma pena que o autor não
conheça a Escola da Biomassa
brasileira e a reflexão dos cientistas Simões Lopes Filho, Sergio Salvo Brito, Marcelo Guimarães e Bautista Vidal acerca
do trópico, da energia verde, da
alcoolquímica, da economia
política do sol e da civilização
dos hidratos de carbono.
GILBERTO FELISBERTO VASCONCELLOS é
professor de ciências sociais na Universidade
Federal de Juiz de Fora e autor de "A Salvação da
Lavoura" (ed. Casa Amarela)
RACIONALIDADE AMBIENTAL
Autor: Enrique Leff
Editora: Civilização Brasileira
Quanto: R$ 60,90 (560 págs.)
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