São Paulo, domingo, 03 de junho de 2001

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+ comportamento

Cultura tecno anuncia um narcisismo encapsulado à cultura do corpo

Morra, Lola, morra

Tales A.M. Ab'Sáber
especial para a Folha

O músico tecno se move o tempo todo. Seu corpo pulsante é parte constitutiva de seu espetáculo, bem como parece ser o agonismo final de quem proporciona prazer ao outro como profissão e parece obrigado, aprisionado mesmo, a pulsar sexualmente, em uma repetição sem fim, ali mesmo onde trabalha.
Haveria assim uma subterrânea correspondência entre o corpo auto-erótico do músico tecno e o corpo da prostituta: ela foi a prisioneira do prazer na época em que a humanidade encarnou o próprio corpo, o músico tecno, como ela, é obrigado a se contorcer e a gozar em falso, no tempo em que a experiência humana é puro corpo ou pura técnica, ambos desencarnados de humanidade. Como todos sabemos, a mercadoria perdeu a forma concreta e se evaporou como fantasma por toda cultura. Os novos músicos parecem ser as sacerdotisas eróticas dessa desmaterialização.
Tal condenação ao prazer e ao próprio corpo aproxima nitidamente esses artistas da cultura hipersexualizada de nosso tempo. Eles também são objetos de nossa espetacular erotização das mediações sociais. O músico tecno e sua tribo de jovens hipererotizados e sem destino dissolvem a intensa cultura da pornografia de consumo -da fusão de mercadoria e corpo erógeno- em um estado alegre e festivo, inofensivo a qualquer ordem, ao mesmo tempo em que são docilmente coerentes com as formas mais pobres e duras da captura de nossos espíritos.
Assim, o músico tecno e seu povo estariam beirando o novo fascismo do consumo -afinal, festejar o quê?- se não insistissem na dimensão radicalmente antiteleológica e antiutópica de sua música e cultura; tal falta assumida de projeto humano radicaliza o paradoxo: de fato, se festeja o fato de não haver nada a festejar. Todos se salvam assim, por um fio, o de se saberem não habitando este mundo nem nenhum outro e se concentram em seus corpos, em um erotismo auto-imune, espécie de ato intelectual que desconsidera definitivamente a ação no mundo da cultura, ação humana que foi inteiramente transposta para o palco do mundo do corpo.
O corpo do músico tecno é um corpo triste. Espécie de Sísifo de nosso tempo, é necessário que ele goze indefinidamente, que ele pulse imensamente, sem poder parar, quando ele mesmo anuncia o vazio em que há muito pouco a habitar. Seu corpo se contorce, pulsa e sua, titereia uma espécie de sujeito operando um vazio: sua música, evidentemente, vem de todos os lugares, menos daquele corpo e de seu gesto, que dança uma dança própria que também não está a ela conectada. Na gestualidade do músico tecno não encontramos mais sua música: nunca a desconexão entre o tempo e o sentido, nosso corpo produtor de tais fantasmagorias, foi tão intensa.
Elvis era o corpo branco na voz negra, e sua dança anunciou todo o sentido de uma época. Os Beatles eram em grande parte sua corporeidade em evolução simbólica viva na cultura. Jimi Hendrix era a sua guitarra: o pop surgiu sobre a conexão de corpo e som, guardando uma velha tradição popular do sujeito do canto e do intérprete erudito em sua relação gestual intensa e articulada ao seu instrumento. Tal mundo desencarnou-se e aprisionou o corpo de seus protagonistas ao vazio: quando o Kraftwerk iniciou oficialmente a música tecno na Alemanha dos anos 70, os músicos já se concebiam frios e distantes de qualquer verdade que habitasse a música, como operadores ascéticos de um laboratório científico. Hoje, a pulsação do músico tecno é corpo-coração, é corpo-suor, é corpo-esperma, é corpo aproximado do ser corpo, é corpo que é corpo que é corpo, enquanto a alma... alucina.
Tais corpos puros e vazios do próprio prazer se anunciaram na adolescência do rock, quando as meninas mais gritavam e gozavam pelo que viam -ou pela luz intensa que as cegava e elas não viam- do que ouviam qualquer música. Já em Woodstock se apresentavam inteiros na dissociação puro corpo/alucinação, em uma época em que a mercadoria ainda não invadira todo o campo do espírito, ainda não se transformara no fluxo delirante de toda a cultura.
A música tecno é alma liberta de corpo, de corpos que foram concentrados em si. A cultura da tecnologia não produziu uma regressão da audição, como um dia se pensou, talvez tenha produzido uma regressão concentrada ao corpo puro e sem destino, enquanto faz coincidir as expansões cíclicas infinitas da música com a alma que se surpreende totalmente abstrata.
Quando ouvimos a música tecno, temos, por um segundo, uma experiência intelectual, que parece ser a do choque das energias psíquicas humanas refluindo sobre o próprio corpo, o que simula um momento da autonomia do pensamento, mas, bem ao contrário do pensamento, nos faz solitários, em uma experiência sensorial sem compartilhamento. Nas festas rave da cultura tecno todos alucinam individualmente, e o todo apenas amplifica as cargas sensórias da experiência pessoal, a única que interessa. Assim, anuncia-se um narcisismo encapsulado à mecânica do corpo, um narcisismo sem eu, eu que, agora, se dissolve nas intensidades espetaculares ou estranhas das texturas sonoras que se espalham pela música.
A música dissocia assim sua pulsação pura, para o controle de corpo pulsante, e sua alma colorida, abstrata e inteiramente desencarnada, plasticamente vazia, como o eu em nosso tempo.


O músico tecno e sua tribo de jovens hipererotizados e sem destino dissolvem a intensa cultura da pornografia de consumo em um estado alegre e festivo


O corpo purificado em sua experiência de si, que observa a alma a habitar a alucinação distante, próprio à música tecno -e o uso generalizado da droga nas festas acentua exatamente essa distância-, é correlato aos produtos da indústria cultural do corpo, em que as mulheres dedicam a vida a um pouco mais de silicone em seus seios, em que são os corpos hiperinvestidos que significam ser, enquanto toda a tentativa de "eu" sofre uma espécie de fraqueza crônica nesse aprisionamento no que é material e industrialmente estético de si. O espetáculo da moda, como a música tecno, nos proporciona cotidianamente a visão nítida do anacronismo do eu diante da vitória retumbante do corpo e da forma. Ficou famosa, como índice do rancor de nossa classe média, a imagem do garoto pobre "que mata por um par de tênis": nada mais adequado para vislumbrarmos o estado geral da cultura do eu submetido à imagem industrial e ao império das formas do puro corpo.
O funk carioca me parece ser um episódio radical dos mesmos problemas. Tecno de fundo de quintal, nele podemos ver com mais nitidez as conexões de tal uso do corpo na cultura e a prostituição nela mal sublimada. Tudo bastante afinado à generalização da indústria da autopromoção e valorização a qualquer custo, mundo individualista e hedonista ao extremo.
A prostituição que se vislumbra no horizonte de tal mundo é apenas a tomada definitiva dos atores culturais pela lógica mercantil. Os garotos pobres das favelas do Rio leram isso tudo ao pé da letra, mas não podemos negar que leram bem: gozar é vender, vender é gozar. Corpo e mercado se encontram, enquanto o eu é que masoquisticamente se submete.

Angústia sem sentido O músico tecno é, nessa forma geral, o poeta dos novos profissionais, que talvez nunca tenham se deparado com um poema em suas existências: o jogador financeiro o imita, se agitando sem parar, achando, anacronicamente, que sua angústia tem algum sentido humano; o jovem engenheiro ou jornalista da internet se excita o dia inteiro com a informação vazia e quer que os outros acreditem em sua própria excitação, quando sabe que não tem absolutamente nada a oferecer e nada a criar em seu próprio mundo. Todos se movem sem parar por um todo que não lhes pertence e mal os convence. Sustentam um sistema que paira sobre eles em abstrato -como aquele plano de raio laser bastante comum nas apresentações tecno- e que, se lhes dá sobrevivência, os despreza absolutamente por ser nítido o quanto essas pessoas são sujeitos do nada.
O músico tecno mantém o sistema de sua música vivo, lá acima e além dele: ele mesmo é objeto dela, jamais seu criador. Avatar do capitalismo total, o corpo se tornou automatismo técnico que necessita desesperadamente ser movimento e gozo: espécie de comemoração de um mecanismo que se reproduz a si mesmo enquanto se autocelebra. Tecnologia digital e mania celebram os corpos pulsantes e vazios de algum projeto humano.
Também é muito curioso como o músico tecno move botões, se compenetra em sua tarefa, oscila sempre de sequenciadores para samplers, de samplers para sintetizadores, sem absolutamente demonstrar nenhuma paixão, ou razão, naquilo que faz tão bem. Ele trabalha no limite de suas forças e por nada: eis aí a proposta atual da reprodução total do capital sobre cada um de nós. Diante da cultura feliz e melancólica, altamente produtiva, do tecno, há de perguntar: quem goza?
"Corra, Lola, Corra" (1998), espécie de manifesto de uma cultura que ganha consciência de si mesma, coloca a ação à frente de qualquer pensamento. Lembremos rapidamente o filme: tendo que salvar o namorado envolvido em um quiproquó com um traficante, Lola tem 20 minutos para arranjar uma grande soma de dinheiro, e o filme se dá inteiro sobre sua desabalada corrida por Berlim ao som da música tecno, que, em um movimento ao contrário, fundida ao corpo de Lola em sua corrida, é a verdadeira personagem do filme.
No filme há um tempo no futuro, que nada tem de redenção, mas é o anúncio da morte e do fim do último traço de humanidade, um resto de amor, que pressiona o presente de forma definitiva à velocidade sem fim dos corpos. O filme é belo e altamente informado na qualidade de sua imagem: tal cultura do design e da técnica preenche seu destino extremo e vazio com conforto e informação.
Como muitos perceberam, o filme fala de nós. Nossa pulsão veloz, nossa urgência, nosso risco de vida -nosso frequentar o rápido e superficial vazio da internet, em vez do material e pausado mundo do livro, da palavra feita de pele, tempo e presença-, nossa busca intensa de experiências sobre a mais profunda instabilidade e insatisfação, faz de nossos corpos a bala que avança rumo ao futuro, futuro que, na velocidade desumana, já vislumbramos como necessariamente vazio, distante de qualquer condição simbólica que implique o silêncio.

A cultura tecno é o avatar inconsciente de nossa condição, radicalmente sós e ocupados pela alucinação permanente de um presente que não pode parar


A máxima velocidade foi feita para a luz que atravessa o universo frio sem nada conhecer. Mas hoje, como Lola, somos homens-bala, homens-luz: a pulsão veloz do encontro de nosso corpo com o ritmo da produção e reprodução do capital é a que rege nosso desejo cotidiano, é a que forja nosso ser e nossas mediações técnicas abstratas e sem fim. No mesmo movimento nossa movimentação frenética é correlata ao assassinato, por fome ou por depressão, daqueles não incluídos em tal inferno.
Um dia existiu uma forte tradição crítica moderna que concebia a revolução como o parar do tempo. Talvez ela esteja mais viva e necessária do que nunca, em uma necessidade remetida ao corpo humano e seu sentido -local mesmo de toda a festa e conquista do capitalismo atual-, necessidade psicanalítica, portanto, em seu confronto com a nova sociedade técnica e de alucinação de consumo. No célebre "Homem da Câmera" (1929), de Dziga Vertov, o momento da morte de Lênin paralisava toda a história: o corpo do líder morto era o corpo do tempo, e o luto daquele homem realiza o tempo não contido no progresso, como o luto jamais realizado de todos que desapareceram e desaparecem diariamente como alimento do progresso.
Em "Corra, Lola, Corra" o limite ao agito angustioso e maníaco é uma ou duas paradas para a morte. Paradas simpáticas e alucinadas, nas quais o tempo do pensamento, da conversa dos amantes na cama, do observar o mundo, parece significar quase a morte para o homem de nosso tempo. Walter Benjamin lembrava os tiros espontâneos dados nos relógios em vários pontos de Paris quando a grande revolução aconteceu; havia uma consciência (ou inconsciência) coletiva de que o novo significava parar o tempo e destruir o sentido ideológico da orientação histórica. Também ele nos alertava: é para fora de qualquer concepção de progresso linear e abstrato que pode habitar alguma redenção.
"Corra, Lola, Corra" é a desesperada corrida para um futuro desencantado, cujo único valor é pressionar o presente, fazê-lo acelerar. Parece dizer que a cultura tecno, da qual o filme é manifesto, é o avatar inconsciente de nossa condição: radicalmente sós, amarrados a um futuro vazio, ocupados pela alucinação permanente de um presente que não pode parar nem pensar e que nos é, e que simplesmente somos. Os corpos agora são o próprio progresso abstrato, que não pode parar, rumo ao nada de sua própria jornada, nossa cultura.

Espírito morto Podemos mesmo ter saudades dos "Tempos Modernos" (1936), de Chaplin, quando ainda se experimentava acelerar e reduzir o tempo da máquina e do corpo, e a pletora do tesouro das mercadorias ocupava ainda um lugar de sonho, quando Carlitos e a namorada passavam a noite presos na loja de departamento, a brincar: hoje o tempo real do capital é sempre o máximo, e sua acumulação de espírito morto na forma das coisas apenas realimenta a sua violenta insatisfação (essa também foi a última aparição de Carlitos: seu ser nítido desapareceu ao entrar em contato com a realidade material do capital e seu fetiche, como tantos outros).
Hoje, os corpos são o próprio progresso abstrato, que não pode parar: assim as vidas inteiras, que condensadamente aparecem em uma sucessão de rápidas fotografias no filme, significam para Lola apenas um esbarrão, enquanto são verdadeiras vidas humanas, com destinos próprios e significativos, mas riscadas rapidamente da face da terra como um fósforo pela técnica da montagem -uma montagem hipermétrica e intelectual, para brincarmos com uma velha noção de Einsenstein-, até a sua agonia em um vazio. O que vemos é a vida passar, voar, em um mundo em que nenhum outro humano entrou em relação com aquele ser. O mundo social de "Corra, Lola, Corra" é o mundo dos destinos singulares ao extremo, de seres rarefeitos em projetos lineares de si mesmos até o rápido fim do único mundo que conheceram, o próprio.
Entre as pessoas em quem Lola esbarra em sua corrida por Berlim, como em uma pista de danças, e que tem sua história rapidamente contada pela montagem a jato do filme-clipe, parece não haver história compartilhada, medida comum ou simpatia possível. Enquanto Lola corre, sozinha e sem linguagem, rumo à própria morte, cada um daqueles outros, espécies de obstáculos de videogame, gente sem densidade, incapaz de compartilhar experiências, faz um movimento análogo rumo ao próprio destino vazio. Entre eles o nada: a música tecno que envolve a todos, convoca os movimentos dos corpos e não pertence a ninguém.

Experiência suspensa No filme, cada vez que Lola morre, ao fim de sua jornada, ela simplesmente suspende a experiência. Como Lola suspende a sua morte e pára o tempo, lembrando a velha revolução? Como a música tecno suspende suas sessões rítmicas e inaugura um novo estado do sempre o mesmo.
A brincadeira com a morte -"não é assim que quero morrer"- nos lembra o velho argumento de Freud, o humano quer morrer à sua maneira, argumento de caráter existencial limite para sua psicanálise formalizada em forças e tópicas, mas, se o humano buscava morrer a seu modo, e essa era a inscrição própria de alguém no mundo criativo da cultura ainda humana, as suspensões permanentes da morte de Lola parecem indicar a inutilidade daquela corrida de cem metros que é sua vida, o equívoco que tal primazia do sensório, do ritmo e do urgente verdadeiramente é, para um sujeito humano que ainda recorda de si.
Parece que no mundo tecno nenhuma morte é verdadeiramente possível, pois, como a vida não é experienciada, mas gozada como uma ordem, a morte talvez seja a última alucinação em um tempo sem experiência, o que a torna ontologicamente impossível. A morte é o último ato do novo ciclo alucinado do ritmo, o novo momento do mesmo nada, e Lola simplesmente a suspende. A morte só pode ser suspensa porque ela é alucinose, e não uma verdadeira morte humana, em um mundo de humanidade.
Ouça a música tecno e veja que ela funciona por dois princípios semânticos básicos, o lento escorregamento de texturas sonoras sobre si mesmas, que indica o espaçar infinito e abstrato do tempo, e sua súbita alteração e renovação sobre uma nova identidade sonora, que tende sempre ao mesmo destino: o tempo do sempre o mesmo é suspenso de tempos em tempos para sempre se repor. Lola morre uma, duas , três vezes, como a música que a embala está sempre a morrer, e a última marca do humano parece ser esse necessário brincar com a morte, que se torna nova natureza de obsessão.
É possível imaginarmos quantas vezes morrem os jovens que são puro corpo pulsando, embalados pelos efeitos sensoriais da música e do ecstasy, após as suas 24 ou 48 horas de jornada de divertimento (e aqui poderíamos dizer... de trabalho...). Quantas vezes eles morreram, nessa experiência sem fim do corpo mecânico, exausto e alucinado, e quantas vezes ressuscitaram para reiniciar o mesmo périplo? A morte, então, para essa cultura, se banaliza ao extremo.
Não morremos mais à nossa maneira, como desejavam Freud ou Winnicott e como sonha Lola, mas morremos o tempo todo ou já estamos mesmo mortos, no vazio sequenciado do que sempre volta como mesmo.
As antigas culturas humanas que tinham parâmetros de tradição para se orientar frente a vida e a morte davam um lugar de significação para a experiência da morte na cultura e cultivavam os seus símbolos, como possível aprendizado do humano. Nossa cultura, sem referências humanas para conceber a vida, é invadida pela morte, que nos toma permanentemente como alucinação vinda de fora: mistério não capturável por nossa onipotência técnica, limite que nos simboliza a força, na falência de nossa própria capacidade de nos humanizarmos entre nós.
Para Freud a compulsão à repetição é a natureza mais essencial daquilo que, em um conceito-limite e enigmático, ele nomeou como pulsão de morte. No mundo tecno, como na cultura do fascismo de consumo -para lembramos a formulação de Pasolini-, compulsão à repetição é a regra que pulsa impensável como organizadora do tempo. Tal compulsão pode ser vista viva, de forma nítida, o que é muito raro segundo a teoria psicanalítica, na própria forma das músicas de artistas como Chemical Brothers, Prodigy ou Leftfield.

Tales A.M. Ab'Sáber é psicanalista, membro do departamento de psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.


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