São Paulo, Domingo, 04 de Julho de 1999
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JOYCE PASCOWITCH

Holofote
Especialista em sociologia da cultura brasileira, Waldenyr Caldas (foto) é professor e vice-diretor da Escola de Comunicação e Artes da USP. Em seu livro "Uma Utopia do Gosto", ele discute questões como popularidade e fama. Para ele, todo mundo tem um desejo, mesmo que inconfesso, de ser famoso: "No fundo, toda fama sempre será bem-vinda". A dificuldade está em lidar com ela. O professor analisa ainda os casos em que o sucesso é pim-pam-pum, tipo Tiazinha, o fenômeno mais potente dos últimos tempos. Ele acredita que tamanho frisson não dure muito, porque é fabricado, e diz que manter a tal da fama é bem mais difícil que chegar lá -nesse caso, talento e mérito no trabalho são, quase sempre, determinantes.


Poder, fama ou dinheiro?
Três palavras que unem sucesso e ostracismo.
Que egotrip não tem volta?
A arrogância -aliás, emburrece.
A fama vale quanto custa?
Vale sempre muito menos.
Qual o caminho mais curto para chegar lá?
Espontaneidade e competência.
Quem não merece pisar na calçada da fama?
Hanna Garib, ACM, Vicente Viscome, entre outros...
E quem precisa baixar a bola?
Wanderley Luxemburgo, sofrível e prepotente.
Quando a exposição não vale mais a pena?
Quando não se tem mais o que dizer.
Qual a pior projeção?
Aquela que mancha a dignidade.
Onde a coisa pega?
Quando ferem a vaidade do ególatra.
As aparências enganam?
Não, nós é que nos deixamos enganar -ou quase.
Fama inflama?
Só os despreparados para recebê-la.
O céu é o limite?
Jamais -e o que existe depois do buraco negro?
Como manter o fio terra?
É preciso ser sensato: não se pode ganhar todas.

Harpa
Algumas marocas mais abastadas de São Paulo estão tentando se acalmar -e se preparar para os próximos tempos- de uma maneira nova:
Elas estão se "evangelizando".


Elas costumam se reunir todas as semanas no château de uma delas, sempre em torno da pastora Ivone, que costuma ler trechos da "Bíblia" -e depois conversa com cada uma em particular sobre os temas responsáveis pelas aflições.

Babosa
Brasília também quer dar uma contribuição às comemorações dos 500 Anos do Descobrimento.
O governador Joaquim Roriz encomendou ao arquiteto Oscar Niemeyer o projeto de um centro cultural, de 20 mil metros quadrados, com teatros, cinemas, biblioteca para 100 mil volumes, salas de exposições e galerias de arte.
Com verbas do governo do Distrito Federal, o lugar foi batizado de Instituto Brasil -e deve ser inaugurado ano que vem.

Seda
Já virou item de colecionador a edição da "Harper's Bazaar" em homenagem a Liz Tilberis, a todo-poderosa editora-chefe, que morreu vítima de câncer.
Uma série de anúncios, todos em memória à profissional e em benefício de institutos de estudos ligados à doença, dão o tom especial ao tributo.

LOUCURAS DE INVERNO

CENÁRIO Na linha veja-antes-que-acabe: os mais aventureiros ainda podem conhecer a região de Três Gargantas, na China, antes que a maior represa de hidrelétrica do mundo alague os espetaculares vales da parte superior do rio Yang-Tsé

CABEÇA Depois de ter feito a cabeça de muita gente boa, tem frequentado o criado-mudo do ministro Celso Lafer o livro "Inveja -Mal Secreto", de Zuenir Ventura

PERFORMANCE Fazer um tour literário pelo interior da Inglaterra, passando por lugares como a casa de Virginia Woolf e a cidade natal de D.H. Lawrence -com direito a parada para compras em Hay on Wye, capital mundial do livro usado

TRILHA SONORA A fotógrafa Márcia Ramalho anda no embalo da banda Counting Crows, no CD "Recovering the Satellites"

AVENTAL Um tradicional mingau de fubá é a receita de Lauriza Mendes para esquentar a conversa nas noites de sua fazenda, em Sabará, Minas: em fogo médio, torrar quatro colheres de fubá sobre meia colher de sopa de manteiga derretida; acrescentar um litro de leite quente, mexendo bem para não formar pelotas, e deixar ferver por cinco minutos -se necessário, adicionar mais leite para dar o ponto e finalizar com açúcar a gosto e uma pitada de sal; servir em canecas, polvilhando com canela em pó e queijo Minas ralado

PRAZERES FRUGAIS Uma saída pela tangente -simplesinha e fugaz

FIGURINO Pulseiras de couro, camurça ou plástico, tipo cinto ou até coleira: podem ser da Chanel, como a usada por Paulo Martinez, de Erickson Beamon, de Louis Vuitton -no pulso de Alexandre Herchcovitch- ou da moderna Jutta Numann, musa de Miuccia Prada -como a de Flávia Lafer, comprada no East Village, em Nova York

COTAÇÃO Circular no verão europeu em um Jaguar XJ18, que pode ser alugado aqui mesmo, na Look Voyages: custa US$ 585 por dia e, acima de uma semana, a diária cai para US$ 467

BOUQUET Mesmo em Brasília a maior parte do tempo, o ministro Paulo Renato Souza não deixa de se fazer acompanhar, em datas especiais, a serem comemoradas, por um belo Château Beychevelle safra 94, bordeaux importado pela Expand -R$ 153,96 a garrafa

SEXY E INDISCRETA Ficar na linha "avoada", incluindo, na hora do sufoco, trocar o nome do veterinário -e chamá-lo pelo nome de seu totó, precedido do "doutor", é claro

STRESS Única luz no final do túnel para tentar resgatar a imagem de Celso Pitta, as Frentes de Trabalho quase naufragaram: se não fosse a gritaria generalizada, a verba nunca teria aparecido -e os candidatos a um emprego perderiam a nesga de esperança



E-mail: joyce@uol.com.br
Com colaboração de SIMONE GALIB e KÊNYA ZANATTA




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