São Paulo, domingo, 5 de abril de 1998

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Body & soul

LEDUSHA
Monocórdios bem-te-vis sobre a cidade, aulas de melancolia na falsa brisa da tarde. Do alto da roda gigante, as luzes de Paris: lírica mentira paterna, bálsamo contra o tédio implacável. Província, berço de insanas medidas. Risca-se um mero fósforo e o abutre de plantão já lhe fisgou o fígado. De seus fugazes desvelos, roubei olhares anfíbios, radar para freios latentes nas falas mais arejadas. Sou do samba, body & soul, sou do blues, bossa babélica: sangue de vidro e aço. Espinho farejando o peito em ronda muda, alegria na palma da mão, pipa no céu por qualquer mínima delicadeza, era o que ainda é: a minha alma. Vida, porrada irrecusável. Dói, desde a primeira música.



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