São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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A parte da igreja


Para vice-presidente da CNBB, exageros ocorreram dos dois lados


RICARDO GALHARDO
das Regionais

Para o vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jayme Chemello, houve exagero de ambas as partes -igreja e Estado- nas questões de política nacional durante o regime militar no Brasil.
Dos integrantes da cúpula da Igreja Católica procurados pela Folha, ele foi o único que aceitou falar sobre o assunto, mas deixou claro que suas opiniões são pessoais e não representam a posição da CNBB. D. Jayme é considerado de posição moderada dentro da igreja. "Para que voltar a falar sobre isso agora?", questionou ele, ao ser procurado para falar sobre o assunto.
D. Jayme considera que houve certo exagero da parte dos religiosos progressistas e também do governo militar. O exagero teria ocorrido, segundo ele, nos momentos críticos de intervenção da igreja nas questões políticas nacionais. O vice-presidente da CNBB, porém, não condena as ações dos progressistas, como os frades dominicanos, na resistência ao regime militar e defesa dos direitos humanos.
"Não posso falar muito mais do que isso, porque na época estava no Rio Grande do Sul, longe dos principais focos dos acontecimentos", disse.
Os ex-presidentes da CNBB d. Luciano Mendes de Almeida e d. Ivo Lorscheiter também foram procurados pela Folha, mas não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
Falar sobre as atividades da Igreja Católica durante o regime militar provoca um visível desconforto nos integrantes da cúpula da CNBB.
O presidente da CNBB e arcebispo de Salvador, d. Lucas Moreira Neves, disse que não se "lembra muito bem" de suas atividades clericais durante o regime militar. Este foi o motivo alegado por d. Lucas para não falar à Folha sobre o assunto.
"Não tenho nada a declarar, porque não me lembro muito bem daquela época", disse o arcebispo, no encerramento da 36ª Assembléia Geral da CNBB, no dia 1º de maio, no mosteiro da Vila Kostka, em Indaiatuba (110 km de São Paulo).
A Folha também procurou os assessores do cardeal d. Eugênio Sales, mas foi informada que ele não falaria a respeito.


Com a Redação


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