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Um apocalíptico "lugubremente divertido"
DA REDAÇÃO
Professor de pensamento europeu
na London School of Economics,
John Gray foi assessor da ex-premiê
britânica Margaret Thatcher. Após o
governo inglês apoiar os EUA na
Guerra do Golfo, em 1991, passou de
forte defensor do livre mercado a
crítico do neoliberalismo e da social-democracia, denunciando o moralismo que diz autorizar todo tipo de
atrocidade em nome da suposta superioridade ocidental.
Em seus livros, critica a idéia de
que a vida humana se torna melhor
com o acúmulo de conhecimento e o
progresso, a crença na superioridade do homem em relação aos outros
animais, o pensamento humanista e
o liberalismo econômico. Segundo
ele, o ser humano é uma praga do
planeta Terra e não controla seu
próprio destino mais que qualquer
outro animal.
Acusado de niilista apocalíptico e
misantropo virulento pelo professor
de teoria cultural na Universidade
de Manchester Terry Eagleton, em
resenha para o livro "Straw Dogs
-Thoughts on Human and Other
Animals" (Cães de Palha - Pensamentos sobre o Humano e Outros
Animais, Granta Books), publicada
no "Guardian", Gray é pessimista
quanto ao futuro da humanidade.
Diz achar que ela vai entrar em colapso em menos de cem anos. Ele
volta a atacar o humanismo alegando, de forma irônica, que esse colapso seria algo ótimo para o equilíbrio
do planeta. Segundo Eagleton, o pessimismo radical é o que o torna "lugubremente divertido, como toda
visão estreita".
Em "Straw Dogs", diz que a tradição de pensamento ocidental tem
por base uma crença arrogante e errônea na superioridade do homem,
e o humanismo, acreditando nessa
superioridade, é uma ilusão que faz
desse animal o maior predador e o
mais destrutivo deles.
Gray é autor também de "Al Qaeda
e o que Significa Ser Moderno"
-em que diz que "nenhum lugar-comum é mais espantoso do que o
que descreve a Al Qaeda como uma
revivescência da época medieval; ela
é um subproduto da globalização",
defendendo que os atentados de 11/9
destruíram o mito iluminista-,
"Falso Amanhecer - Os Equívocos
do Capitalismo Global" -em que
chama de fantasiosa a idéia de prosperidade do "american way of life"-, "Isaiah Berlin" (todos pela
Record) e "Heresies" (Heresias,
Granta Books) -coleção de ensaios
publicados desde o final dos anos 90
na revista "New Statesman" em que
critica o presidente George W. Bush
por acreditar que o "mal" pode ser
exterminado.
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