São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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Um apocalíptico "lugubremente divertido"

DA REDAÇÃO

Professor de pensamento europeu na London School of Economics, John Gray foi assessor da ex-premiê britânica Margaret Thatcher. Após o governo inglês apoiar os EUA na Guerra do Golfo, em 1991, passou de forte defensor do livre mercado a crítico do neoliberalismo e da social-democracia, denunciando o moralismo que diz autorizar todo tipo de atrocidade em nome da suposta superioridade ocidental.
Em seus livros, critica a idéia de que a vida humana se torna melhor com o acúmulo de conhecimento e o progresso, a crença na superioridade do homem em relação aos outros animais, o pensamento humanista e o liberalismo econômico. Segundo ele, o ser humano é uma praga do planeta Terra e não controla seu próprio destino mais que qualquer outro animal.
Acusado de niilista apocalíptico e misantropo virulento pelo professor de teoria cultural na Universidade de Manchester Terry Eagleton, em resenha para o livro "Straw Dogs -Thoughts on Human and Other Animals" (Cães de Palha - Pensamentos sobre o Humano e Outros Animais, Granta Books), publicada no "Guardian", Gray é pessimista quanto ao futuro da humanidade. Diz achar que ela vai entrar em colapso em menos de cem anos. Ele volta a atacar o humanismo alegando, de forma irônica, que esse colapso seria algo ótimo para o equilíbrio do planeta. Segundo Eagleton, o pessimismo radical é o que o torna "lugubremente divertido, como toda visão estreita".
Em "Straw Dogs", diz que a tradição de pensamento ocidental tem por base uma crença arrogante e errônea na superioridade do homem, e o humanismo, acreditando nessa superioridade, é uma ilusão que faz desse animal o maior predador e o mais destrutivo deles.
Gray é autor também de "Al Qaeda e o que Significa Ser Moderno" -em que diz que "nenhum lugar-comum é mais espantoso do que o que descreve a Al Qaeda como uma revivescência da época medieval; ela é um subproduto da globalização", defendendo que os atentados de 11/9 destruíram o mito iluminista-, "Falso Amanhecer - Os Equívocos do Capitalismo Global" -em que chama de fantasiosa a idéia de prosperidade do "american way of life"-, "Isaiah Berlin" (todos pela Record) e "Heresies" (Heresias, Granta Books) -coleção de ensaios publicados desde o final dos anos 90 na revista "New Statesman" em que critica o presidente George W. Bush por acreditar que o "mal" pode ser exterminado.

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