São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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A beleza dos outros

Ex-miss Brasil e musa das mesas-redondas, Renata Fan fala da atitude das mulheres "não tão lindas"

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior desafio de uma mulher bonita é manter a "seqüência", diz a apresentadora Renata Fan, 29, 1,79 m, 59 kg, loura, olhos azuis, miss Brasil 1999.
"O impacto do primeiro momento, a sedução, o encanto podem sumir rapidamente se não existe nada além do que se vê.
Todo mundo fica igual no cotidiano, o problema é conseguir continuar a ser interessante. Aí é que vem o teste do conteúdo", declara.
Gaúcha, formada em direito e jornalismo, atualmente solteira -terminou há três semanas um namoro de um ano-, ela afirma que não gosta de balada, adora a família, lê muito e dorme cedo.
Na verdade, conteúdo e beleza física brigam um pouco diante dos muitos espelhos que ela mantém na ampla sala de seu apartamento, no Morumbi, em São Paulo.
"Ali eu procuro minha própria aceitação, entende?"
Cercada apenas por homens, Renata apresenta um programa de futebol na TV usando scarpins de salto 10 cm, roupas vaporosas e cílios postiços. Ela garante: "A beleza nunca entra na argumentação. Sou legalzona, meninona, isso desarma. A intenção de mostrar que a mensagem é mais importante fica clara com o tempo", acredita.
Abaixo, trechos da entrevista que Fan concedeu à Folha sobre beleza.

 

FOLHA - Acompanhou a campanha publicitária da marca Dove, que "democratizou" a beleza?
RENATA FAN - É uma jogada de marketing. Existem as lindas, as não tão lindas e as feias. Eles só vêem as duas primeiras, sendo que chamam as segundas de feias.

FOLHA - O que você sente quando vê uma mulher muito feia?
FAN
- O problema não é ser feia, é estar infeliz. Sempre acho que dá pra melhorar alguma coisa. O que não dá é pra ficar repetindo que não se gosta. Faz um "mega-hair", uma maquiagem bonita.

FOLHA - O que faria se fosse feia?
FAN
- Tentaria me tornar interessante. Se você pega a Preta Gil, tem gente que a considera bonita. Ela sabe que não adianta lutar, então está sempre rindo. A Marília Gabriela -eu não a considero bonita, mas ela tira isso de letra. Para manter um relacionamento de cinco anos com o [ator Reynaldo] Giannecchini, imagine como ela não teve de se reiventar todos os dias.

FOLHA - Já teve a inteligência desprezada por ser muito bonita?
FAN
- Isso me estimula, gosto de desafios. Eu até faço a loura burra de vez em quando. Por exemplo, sabe essa pintinha que eu tenho no rosto [imperceptível]? Queriam que eu tirasse por causa do concurso de miss. Eu me recusei. Tiraria se me incomodasse, mas não por causa de um concurso de beleza.

FOLHA - Faz ginástica?
FAN
- Sabe que não? Não tenho disciplina com exercício físico. E não abro mão dos chocolates. Hoje, que tem Santos e Corinthians [a entrevista foi feita em 28/3], eu vou me esparramar no sofá para assistir ao jogo comendo chocolate.

FOLHA - O que não gosta em você? (Ela pensa, pensa e olha para as pernas cruzadas.)
FAN
- Eu detestava meu pé, achava que tinha muitas veias, o dedão grande. Um dia veio um colega no estúdio e disse: "Sabe que você tem o pé lindo?". Passei a achar também.

FOLHA - Acha que todas mulheres têm a mesma facilidade em se convencer do contrário sobre as partes de que não gostam em si mesmas?
FAN
- Não. Por isso os cirurgiões plásticos estão ricos. Agora: nada mais desprezível do que passar a vida pondo peito, tirando barriga, mexendo no rosto.

FOLHA - Tem medo de envelhecer?
FAN
- Ai, tenho. Não propriamente de ficar enrugada, mas rabujenta, cheia de manias. Para mim, você envelhece bem quando muda suas prioridades. Lá adiante posso estar cuidando dos meus netos ou escrevendo um livro, entende?


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