WANDER MELO MIRANDA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando li "Vidas Secas" [de Graciliano Ramos, 1892-1953, ed. Record] pela primeira vez, na adolescência, fiquei atordoado e atraído pela luta silenciosa e trágica dos retirantes sinha Vitória, Fabiano, o menino mais velho, o menino mais moço e a cachorrinha Baleia.
Voltei ao livro muitas vezes, e o fascínio só fez aumentar. O problema da terra ainda nos aflige -os personagens continuam sua caminhada em busca de tempos melhores. Permanecem sobreviventes da violenta exclusão que o autor captou com extrema sensibilidade. Talvez nenhum romance brasileiro tenha atingido tão fundo nossos corações e mentes.