São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

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Relatos ligam casos pessoais à história

DA REDAÇÃO

Os trechos reproduzidos ao lado fazem parte da autobiografia em preparação por Boris Fausto, 78, que cobrirá a segunda metade do século 20. Aparece ali um caminho político e ideológico, do engajamento trotskista à adesão plena aos princípios do regime democrático.
As épocas a que se referem "são bem diferentes", explica o historiador. "O caso de Sorocaba é dos anos 50, quando eu era aluno ou estava terminando a faculdade de direito."
"O segundo é do início da década de 60, quando eu, depois de formado em direito, resolvi entrar no curso de história na USP. Nessa altura, eu já deixara o trotskismo e me encaminhava para uma adesão aos princípios do regime democrático. Soa meio solene, mas é isso."
Em seu relato sobre a faculdade de história, Fausto mostra como a ideologia de uma época terminava por contaminar a própria estrutura do curso universitário, em que ideias e debates que seriam fundamentais para o período democrático posterior (relacionados por ele, ali, à história dos EUA e à discussão sobre instituições e separação de Poderes) eram simplesmente ignorados, ou vistos como "filigranas da superestrutura".
Fausto nasceu em São Paulo, em 1930. Professor aposentado do departamento de ciência política da USP, foi um dos organizadores da coleção "História Geral da Civilização Brasileira" e escreveu, entre outros livros, "A Revolução de 30", "História Concisa do Brasil", "Getúlio Vargas - o Poder e o Sorriso", "Negócios e Ócios" e "O Crime do Restaurante Chinês - Carnaval, Futebol e Justiça na São Paulo dos Anos 30".
Neste último, narra um fato policial ocorrido em São Paulo, em 1938: em um restaurante no centro da cidade, um casal de origem chinesa e dois garçons são assassinados na mesma noite. O historiador relaciona o acontecimento a temas fundamentais do Brasil do século 20, como imigração e racismo.
Em "Negócios e Ócios", primeiro volume da sua autobiografia, Fausto revisita a história da sua família, de origem imigrante, e revela aspectos da história da imigração no Brasil. O livro cobre o período da vida do historiador que vai até o final da década de 1940.


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