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Relatos ligam casos pessoais à história
DA REDAÇÃO
Os trechos reproduzidos ao lado fazem
parte da autobiografia em preparação por
Boris Fausto, 78, que cobrirá a segunda metade do século 20. Aparece ali um caminho político e ideológico,
do engajamento trotskista à
adesão plena aos princípios
do regime democrático.
As épocas a que se referem "são bem diferentes",
explica o historiador. "O caso de Sorocaba é dos anos
50, quando eu era aluno ou
estava terminando a faculdade de direito."
"O segundo é do início da
década de 60, quando eu,
depois de formado em direito, resolvi entrar no curso de história na USP. Nessa altura, eu já deixara o
trotskismo e me encaminhava para uma adesão aos
princípios do regime democrático. Soa meio solene,
mas é isso."
Em seu relato sobre a faculdade de história, Fausto
mostra como a ideologia de
uma época terminava por
contaminar a própria estrutura do curso universitário,
em que ideias e debates que
seriam fundamentais para
o período democrático posterior (relacionados por ele,
ali, à história dos EUA e à
discussão sobre instituições
e separação de Poderes)
eram simplesmente ignorados, ou vistos como "filigranas da superestrutura".
Fausto nasceu em São
Paulo, em 1930. Professor
aposentado do departamento de ciência política da
USP, foi um dos organizadores da coleção "História
Geral da Civilização Brasileira" e escreveu, entre outros livros, "A Revolução de
30", "História Concisa do
Brasil", "Getúlio Vargas - o
Poder e o Sorriso", "Negócios e Ócios" e "O Crime do
Restaurante Chinês - Carnaval, Futebol e Justiça na
São Paulo dos Anos 30".
Neste último, narra um
fato policial ocorrido em
São Paulo, em 1938: em um
restaurante no centro da cidade, um casal de origem
chinesa e dois garçons são
assassinados na mesma
noite. O historiador relaciona o acontecimento a temas
fundamentais do Brasil do
século 20, como imigração
e racismo.
Em "Negócios e Ócios",
primeiro volume da sua autobiografia, Fausto revisita
a história da sua família, de
origem imigrante, e revela
aspectos da história da imigração no Brasil. O livro cobre o período da vida do historiador que vai até o final
da década de 1940.
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