São Paulo, domingo, 12 de dezembro de 2004

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Os dez +

Uma seleção de livros e eventos culturais indicados pelo caderno

COLEÇÃO
Leitura Maior

O escritor sergipano Tobias Barreto (1839-1889), partindo da história do peru prostrado diante do risco na parede, defende em sua "Filosofia do Peru" (1883) que "o peruísmo é também partilha da humanidade", pois desde Platão o homem vive em uma prisão imaginária. A editora Barcarolla (tel. 0/xx/ 11/3814-4600) apresenta essa faceta menos conhecida do poeta: sua atuação nas áreas de filosofia, crítica e direito, assim como faz com Aluísio Azevedo, Coelho Neto, José Severiano de Resende e Olavo Bilac nos outros quatro volumes desta coleção. R$ 89,50 (a caixa). Co-edição Oficina do Livro Rubens Borba de Moraes.

ARTE
Tudo Aquilo Que Escapa

Parte integrante do 46º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, a exposição, em cartaz no Museu do Estado (tel. 0/xx/81/3427-0766), em Recife, tem como mote a trajetória do pernambucano Paulo Bruscky. A curadora, Cristiana Tejo, convidou artistas e grupos em cuja atuação vê reverberações de estratégias artísticas dos anos 60/70: Alexandre Vogler, Bruno Vieira, Canal Contemporâneo, Carlos Melo, Chiara Banfi, Lucas Bambozzi, Marcelo Cidade, Marepe, Mário Simões, Re:combo. No Museu de Arte Contemporânea expõem artistas que ganharam bolsas de pesquisa na edição passada do salão.

EXPOSIÇÃO
5050

Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra reúne 75 obras da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo (tel. 0/ xx/ 11/5549-9688) produzidas na década de 50 e propõe uma visão ampliada sobre a época, incluindo produções que corriam paralelas ao concretismo, como a figuração modernista de Guignard, a fotografia urbana de German Lorca e o surrealismo de Antonio Henrique Amaral. Autor da controversa curadoria "2080", do ano passado, também no MAM, Chaimovich atribui a leitura hegemônica da arte contemporânea brasileira a "uma agenda única no pós-guerra". Vernissage nesta quinta, às 19h30.

LITERATURA
Lapa

Tendo um CD com sambas sobre a Lapa como trilha sonora (apenas a primeira tiragem), o romance de Luís Martins ganha reedição, acompanhado do volume de memórias "Noturno da Lapa", em que o escritor conta a epopéia do lançamento, apreensão pelo Estado Novo e clandestinidade de seu livro de 1936, além de sua convivência com o bairro carioca. Em 1964, Martins publicou as memórias -consideradas por Carlos Heitor Cony obra que transcende o pitoresco e convida à revisão da importância de Martins. 178 págs. ("Lapa") e 290 págs. ("Noturno"), R$ 55 (ambos). Editora José Olympio (tel. 0/xx/21/2585-2060).

MOSTRA
Prêmios Bienal no Acervo MAC-USP

A partir do próximo sábado, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (tel. 0/xx/11/3091-3039) exibe 96 obras premiadas entre as edições de 1951 e 1989 do evento. Todas as obras pertencem ao acervo do MAC, que -criado em 1963- incorporou as coleções de Ciccillo Matarazzo e as 1.236 peças do acervo do extinto MAM -e continuou recebendo até a Bienal de 1977 e também na de 1989 as peças premiadas. Tàpies, Calder, Volpi, Jesus Soto, Ivan Serpa, Lygia Clark e Brecheret estão entre os artistas da mostra.

CRÔNICA
Um Passeio pela Cidade do RJ

No primeiro volume deste que é seguramente o "guia turístico" inaugural da cidade do Rio de Janeiro -que seu autor, o romancista Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), chamava sarcasticamente de "Sebastianópolis"-, o itinerário compreende o Palácio Imperial, o Passeio Público, o convento de Santa Tereza, o convento de Santo Antônio e a igreja de São Pedro. Estas 44 crônicas foram publicadas como folhetim semanal no "Jornal do Commercio" entre os meses de janeiro de 1861 e agosto de 1863. 336 págs., R$ 43. Fundação Biblioteca Nacional/ed. Planeta (tel. 0/xx/11/ 3088-2588).

DVD
Dr. Mabuse

A série do Dr. Mabuse, dirigida por Fritz Lang, é composta de três filmes. O primeiro (em duas partes, "O Jogador" e "O Inferno do Crime", de 1921) acaba de sair no Brasil. Espera-se que "O Testamento do Dr. Mabuse" (1932), e "Os Mil Olhos do Dr. Mabuse" (1960), cheguem logo às lojas. O personagem diabólico atravessa 40 anos da história da Alemanha e do cinema (da era muda à TV), enquanto Lang reinventa sua série policial-política, com um pé na imaginação e outro na realidade. Nos primeiros filmes, Mabuse é uma antevisão do nazismo; no último, da sociedade de controle. Continental Filmes. Dois filmes. R$ 37,90 (em média) cada.

ENSAIO
A Língua Exilada

O escritor Imre Kertész (1929) passeia por um parque em Viena ouvindo Mahler no CD player escondido no bolso. Pára em Heldenplatz e compra ingresso para uma peça de Thomas Bernhard. A narrativa, cheia de digressões sobre a capital vizinha, integra esta coletânea de discursos, ensaios e conferências, na qual o escritor húngaro, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2002, defende que a experiência do Holocausto não se restringe aos nazistas e aos judeus, mas assola a humanidade inteira e marca o término de um percurso de 2.000 anos. Trad. Paulo Schiller. 214 págs., R$ 38. Cia. das Letras (tel. 0/xx/ 11/3707-3500).

HISTÓRIA
A Guerra dos Gibis

Neste estudo sobre a formação do mercado editorial brasileiro de quadrinhos e a censura entre os anos de 1933 e 1964, o jornalista Gonçalo Junior narra a polarização entre o "Suplemento Juvenil", criado por Adolfo Aizen, ex-repórter do jornal "O Globo" e responsável pela introdução dos quadrinhos no Brasil, e "O Globo Juvenil", concorrente lançado por seu ex-chefe, Roberto Marinho, que havia recusado um projeto de Aizen. Primeira entre outras guerras que os "gibis" provocaram entre aqueles que viam um potencial subversivo nas publicações e aqueles que lhes atribuíam caráter educativo. 440 págs., R$ 52. Cia. das Letras.

CLÁSSICO
Um Jogador

Fiódor M. Dostoiévski (1821-1881) produziu em pouco mais de 20 dias este que é um de seus principais livros, em que todas as relações são pautadas pelo dinheiro. Apaixonado ele mesmo pelo jogo de azar, Dostoiévski pretendia desnudar a psicologia dos jogadores que se acham profissionais. Seu protagonista é um homem dividido entre o amor não correspondido por uma jovem e a paixão pelas mesas de roleta e o dinheiro fácil. Esta edição, da 34 (tel. 0/xx/11/3816-6777), é ilustrada por xilogravuras de Axl Leskoschek (1889-1976). A tradução foi feita por Boris Schnaiderman. 232 págs. R$ 29,00.


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