São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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+ poema

"Etheu Fugaces"

por Nelson Ascher

Sem mais, doutor, os anos já eram, nem check-ups mensais, fármacos novos, dieta e exercício adiam

calvície, disfunções eréteis e aí -pronto- o câncer. Tanto faz se de primeira ou classe

turística, este vôo vai dar no mesmo ponto final. Tampouco adianta, seja ao banqueiro, seja

ao caixa, driblar balas perdidas, respeitar semáforos, tomar vacinas contra tudo.

Ninguém se safa, um dia, das pontes de safena, de químios, rádios, tubos ou da última UTI.

Chega a hora de fechar a conta, dar um beijo em quem sobrou e, em vez dos ternos chiques, pôr

o de madeira. Herdeiros com rabo é que fruirão do Grand Cru cinco estrelas em copos de isopor.


NELSON ASCHER é poeta e tradutor. É colunista da Folha .


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