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Há alternativas, novos temas ou enfoques que devam ser incorporados ao ensino de economia?
2. Ajuste fino dos modelos
VINICIUS CARRASCO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O papel de um economista é avaliar o desempenho de instituições
econômicas (por exemplo,
mercados, organizações e outros) em mediar a interação de
agentes.
Portanto, a suposição feita
de que os agentes econômicos
são autointeressados e racionais (tomam as melhores decisões para eles) é indispensável:
caso não a fizéssemos, não conseguiríamos identificar se uma
determinada ineficiência econômica advém de instituições
mal desenhadas ou de ações tomadas por agentes imperfeitos.
Não quero, de maneira nenhuma, subestimar a imperfeição humana. Só acredito que
ela não deva ser objeto de
análise de economistas (talvez
o seja de psicólogos e psi-
quiatras).
Usando a crise atual como
exemplo, ao supor racionalidade por parte dos agentes, os
economistas conseguem identificar de maneira limpa, entre
outras, as falhas que houve nos
desenhos da regulação financeira e de incentivos dos tomadores de decisão e, com isso,
propor mudanças.
Segue daí que não sou entusiasta das abordagens comportamentais e psicológicas à economia, muito em voga em alguns centros nos EUA.
Em particular, acredito que,
antes de sua incorporação ao
currículo de economia, é necessário que incorporemos,
tanto aos currículos quanto às
agendas de pesquisa, aspectos
não psicológicos extremamente relevantes, mas que nossos
modelos, especialmente os macroeconômicos e de finanças,
ignoram em geral: heterogeneidade, dispersão (e assimetria e imperfeição) de informação entre agentes e falhas de
mercado, entre outros.
VINICIUS CARRASCO é coordenador de graduação do departamento de economia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
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