São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2001

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"Os sofrimentos dos oprimidos transformavam-nos nos eleitos. Receberiam a devida recompensa quando o mundo fosse virado de cabeça para baixo. As histórias medieval, a moderna, a judaica e a cristã estão repletas de rachadores de lenha e aguadeiros esperançosos, crédulos e turbulentos: agricultores, lavradores, pastores, vaqueiros, porqueiros, mascates, tecelões, flageladores, espíritos livres, mendigos, beguinos, hussitas, taboritas, joanitas, recipientes do Espírito Santo, encarnações de Elias, Enoque, do Messias e do próprio Deus, empurrando-se e acotovelando-se rumo à emancipação apocalíptica.
O problema era que a maioria dessas pessoas oprimidas estava menos interessada no milênio em si do que na exterminação que o precederia: a deposição dos opressores, o extermínio do clero e dos judeus, o fim dos ricos e opulentos. Seus êxtases e manifestações evocavam não a paz, mas uma picareta."


Trecho extraído de "Após o Apocalipse".


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