São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Na China, "dissidentes da rede" vão presos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a população de internautas que cresce mais rapidamente em todo o mundo, a China se debate entre o livre acesso à informação proporcionado pela rede e a censura oficial, que bloqueia milhares de sites e condena à prisão os chamados "dissidentes da internet".
Na China, é quase impossível abrir páginas com conteúdo "sensível", conceito amplo o bastante para incluir de Dalai Lama e Falun Gong à independência de Taiwan -temas vistos pelo governo como uma ameaça à unidade e estabilidade nacionais.
O método mais comum de censura é o bloqueio de páginas, feito a partir de endereços e listas de palavras-chave, que mudam à medida em que surgem novos eventos "sensíveis". Também há um exército de censores, estimado em 30 mil, que monitora sites populares, tira do ar textos críticos ao governo e chega a controlar os chats de discussão on-line.
Isso em um país que tem a segunda maior população de internautas do mundo, 132 milhões de pessoas, e o espantoso número de 37 milhões de blogs.
O governo lança mão de todas as armas tecnológicas a seu dispor para tentar manter o controle, mesmo diante da natureza fluida e da rapidez de propagação da internet.
A censura também atinge as mensagens enviadas por telefones celulares, uma das mais populares formas de comunicação na China, que tem o maior número de celulares do mundo, 420 milhões. Como na internet, o controle é feito por palavras-chave. As autoridades planejam ainda exigir que os bloggers se identifiquem com seus nomes verdadeiros.
A pornografia é outro alvo na campanha contra a "degeneração" da sociedade chinesa. Nos dois últimos anos, centenas de sites pornográficos foram fechados e o criador do maior deles, Chen Hui, foi condenado à prisão perpétua em 2006.
Para ter acesso ao enorme mercado chinês, empresas estrangeiras se submetem às exigências governamentais relativas à censura. O Google, por exemplo, incorporou a seu mecanismo de busca os bloqueios a páginas e temas proscritos pelas autoridades de Pequim.
A Microsoft tirou do ar um blog do MSN chinês, por determinação do governo. E o Yahoo forneceu informações que permitiram a identificação do autor de um e-mail contrário aos interesses oficiais.


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