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"Deixa eu ouvir sua voz, meu amor!"
EM SÃO PAULO
Vestindo um paletó
cinza e branco sobre
calça preta com riscas de giz, Cauby canta durante uma hora em inglês,
francês, italiano, espanhol e
até português -da valsa
tradicional "Deusa da Minha Rua" a "Primavera", do
soulman Cassiano.
Só se ergue da cadeira
vermelha de escritório para
interpretar "Conceição",
seu maior sucesso.
Sofrendo com o calor, usa
um lenço branco para limpar o suor dos lábios, das
têmporas, da orelha direita.
Não economiza a voz, é ovacionado em "Bastidores" e
sai de cena ao som do "Tema da Vitória", aquele do
Ayrton Senna.
Deixa emocionadas fãs
como a secretária aposentada Walderez Ivelise, que
há 50 de seus 64 anos esperava conhecê-lo.
Na adolescência, quando
chegou a juntar 700 fotos
do ídolo (rasgadas a mando
do ciumento primeiro marido), ela lhe enviou uma
carta, e ele respondeu de
próprio punho. Pois ela levou essa resposta para o bar
Brahma, conseguiu entrar
antes do show no camarim
improvisado, beijou o cantor e, já chorando, clamou:
"Deixa eu ouvir sua voz,
meu amor!". Após alguns
instantes de hesitação, a
voz se fez ouvir: "Conceição, eu me lembro muito
bem...".
Histórias assim, já presentes na biografia "Bastidores", lançada em 2001 pelo pesquisador Rodrigo
Faour, também poderão estar no documentário que
Nelson Hoineff quer fazer.
Ainda há muito o que se falar de Cauby. Como todo
mito, ele é infinito.
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