São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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"Deixa eu ouvir sua voz, meu amor!"

EM SÃO PAULO

Vestindo um paletó cinza e branco sobre calça preta com riscas de giz, Cauby canta durante uma hora em inglês, francês, italiano, espanhol e até português -da valsa tradicional "Deusa da Minha Rua" a "Primavera", do soulman Cassiano.
Só se ergue da cadeira vermelha de escritório para interpretar "Conceição", seu maior sucesso.
Sofrendo com o calor, usa um lenço branco para limpar o suor dos lábios, das têmporas, da orelha direita. Não economiza a voz, é ovacionado em "Bastidores" e sai de cena ao som do "Tema da Vitória", aquele do Ayrton Senna.
Deixa emocionadas fãs como a secretária aposentada Walderez Ivelise, que há 50 de seus 64 anos esperava conhecê-lo.
Na adolescência, quando chegou a juntar 700 fotos do ídolo (rasgadas a mando do ciumento primeiro marido), ela lhe enviou uma carta, e ele respondeu de próprio punho. Pois ela levou essa resposta para o bar Brahma, conseguiu entrar antes do show no camarim improvisado, beijou o cantor e, já chorando, clamou: "Deixa eu ouvir sua voz, meu amor!". Após alguns instantes de hesitação, a voz se fez ouvir: "Conceição, eu me lembro muito bem...".
Histórias assim, já presentes na biografia "Bastidores", lançada em 2001 pelo pesquisador Rodrigo Faour, também poderão estar no documentário que Nelson Hoineff quer fazer. Ainda há muito o que se falar de Cauby. Como todo mito, ele é infinito.



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