DENIS LERRER ROSENFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um livro que me marcou por tratar do processo por meio do qual a consciência, desde os níveis mais imediatos, se apropria do mundo. Acho importante o processo pelo qual o indivíduo se reconhece, ou seja, uma consciência começa a se reconhecer nas instituições, nas relações culturais, religiosas e filosóficas. Naquilo que Hegel chama de diferentes figuras, e traduzimos como estados de alma, que fazem um sentir vontade de tomar um vinho; outro, de ter uma relação amorosa; um terceiro, a leitura de um romance; um quarto, de um livro de filosofia. Ele procurar articular esses diferentes momentos como parte do processo de criação da consciência, pelo qual ela ganha cultura, se cultiva.
A leitura que este livro nos possibilita é essencialmente rica porque se faz em planos e cortes distintos. Em alguns cortes privilegiamos uma consciência num estágio mais imediato, sensível; noutro, o que ele chama da consciência de si, que é o homem inscrito numa relação com outros homens e outras consciências semelhantes; depois, na razão, que é o processo de determinação moral ou de observação científica no mundo; para que depois, todos esses momentos da consciência sejam recuperados numa perspectiva histórica.
É um livro de uma originalidade muito grande porque oferece diferentes recortes e abordagens variadas do mundo.