São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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A defesa de Franco

da Reportagem Local

O principal defensor da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso acabou sendo ocupado por Gustavo Franco no livro "Conversas com Economistas Brasileiros 2".
Franco foi diretor e depois presidente do Banco Central entre 1995 e 1998.
Eis a seguir alguns dos comentários de Franco:

"Acho que o trabalho (do Plano Real) foi muito bem feito e a estabilização foi extremamente bem-sucedida. Repito que acho uma tolice essa conversa de que tudo foi muito brilhante e que só a política cambial foi errada. É como dizer: "Puxa, vocês foram brilhantes em matar o leão, mas foi errado usar arma de fogo". Ora, francamente. Isso só faz sentido como retórica política, discurso de oposição que tem de encontrar alguma coisa polêmica para ficar chateando. É o ofício da oposição. E resolveram pegar na política cambial: tanto a oposição de direita, o baronato paulista capitaneado pelo Delfim, quanto o PT";
"Quando veio a crise da Ásia, subitamente apareceu renovada a noção de que o câmbio estava sobrevalorizado e que estávamos perdidos porque quatro anos antes tínhamos cometido um erro imperdoável. São as "perdas internacionais" do (Leonel) Brizola: qualquer coisa que der errado vai ser por causa da política cambial, mesmo que 20 anos depois";
"Antes da abertura (comercial), uma indústria intensiva em trabalho, como a têxtil, localiza-se em São Paulo por razões difíceis de explicar. (...) Quando a abertura tem lugar, tudo fica diferente. Diante da competição, o camarada tem que reduzir o custo de produção. O que ele faz? Vai para Sobral no Ceará, onde a mesma mão-de-obra é muito mais barata. (...) Esse tipo de fenômeno é altamente progressivo, pois torna o Brasil um país mais homogêneo, mas, no caminho, gera desemprego";
"Eu estudei bastante Marx quando criança. Tanto como qualquer pessoa. Também li James Joyce. O sujeito não precisa ser um especialista em Marx para entender de economia. Talvez pelo contrário".


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