São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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O que ler [e não ler] nas férias

Reprodução
"Cadeiras em Margate" (1935), fotografia do americano de origem húngara László Moholy-Nagy (1895-1946)



Conheça as obras indicadas, escritas por autores como Homero e Philip Roth, e as contra-indicadas, que vão de Stephen Hawking e Samuel Huntington até Saramago


POR MARY DEL PRIORE

O QUE LER

O Rio de Janeiro Imperial
de Adolfo Morales de los Rios, ed. Topbooks (tel. 0/xx/21/2233-8718), 552 págs., R$ 60,00.
Saber e erudição são a garantia de uma aventura literária e histórica capaz de carregar o leitor para uma cidade cheia de poesia, reflexão e ação.

A Manilha e o Libambo
de Alberto da Costa e Silva, ed. Nova Fronteira (tel. 0/xx/21/2537-8770), 1.072 págs., R$ 82,00.
Aula magna sobre como discernir, através de documentos históricos, a riqueza da vida social e o sentido das instituições num continente, a África, que insistimos em desconhecer.

Raízes do Riso
de Elias Thomé Saliba, Companhia das Letras, 384 págs., R$ 39,50.
Aprender rindo ainda é o melhor remédio. O tema da pesquisa histórica -humor e caricatura- acondiciona palavras e situações a explorar com um sorriso nos lábios. Imperdível!

Dicionário do Folclore Brasileiro
de Luís da Câmara Cascudo, ed. Global (tel. 0/ xx/11/3277-7999), 774 págs., R$ 75,00.
Resistente ao tempo por sua diversidade, inteligência e extraordinário apetite pelas coisas da vida e do Brasil.

O Corsário
de Du Guay-Trouin, trad. Carlos Ancedê Nougué, ed. Bom Texto (tel.0/xx/ 21/2494-6658), 196 págs., R$ 30,00.
Imersão nas águas da pirataria e na aventura da invasão do Rio de Janeiro, em 1711. Palavras precisas, detalhes bem-vindos num texto que, ao falar de certa viagem, nos ensina sobre homens e sua história.

O QUE NÃO LER

Olhos de Madeira
de Carlo Ginzburg, trad. Eduardo Brandão, Companhia das Letras (0/xx/11/3167-0801), 320 págs., R$ 31,50.
Ensaios sobre as relações entre morfologia e história, entre a retórica e a prova e os limites culturais da compaixão, entre outros. Neles, os olhos de madeira de Pinóquio nos hipnotizam até cair no mais profundo sono.

Da Alvorada à Decadência
de Jacques Barzun, trad. Álvaro Cabral, ed. Campus (tel. 0/xx/21/ 3970-9300), 928 págs., R$ 119,00.
"Muito barulho por nada" ou um festival de anacronismos que decididamente não nos faz sentir mais inteligentes.

O Carnaval de Romans
de Emmanuel le Roy Ladurie, trad. Maria Lúcia Machado, Companhia das Letras, 440 págs., R$ 45,00.
Um Carnaval de tamancos, carregado de minúcias compreensíveis apenas para quem conhece a história da França. O excesso de detalhes quebra o fio da argumentação, terminando por esgotar explicações, mas, também, a paciência do leitor.

Vermelho Brasil
de Jean-Christophe Rufin, trad. Adalgisa Campos da Silva, ed. Objetiva (0/xx/ 21/2556-7824) 408 págs., R$ 44,90.
A loura Colombe (Pomba) "em harmonia com os animais da terra", o virtuoso Just (Justo) no cenário do forte Coligny na Guanabara. Um açucarado romance sobre as tensões entre franceses e portugueses: proibido para diabéticos.

Os Cinco Sentidos
de Michel Serres, trad. Eloá Jacobina, ed. Bertrand (tel. 0/xx/ 21/ 2585-2070), 364 págs., R$ 42,00.
Explora a idéia de que o mundo está doente, cabendo aos filósofos curá-lo e ensinando-o a viver pelo olhar, o paladar ou, para exemplificar, pela audição: "Ouvimos pela pele e pelos pés". Não recomendo nem para otorrinolaringologistas.

Mary del Priore é professora de história na USP e coordenadora do Arquivo Nacional (RJ). É autora de, entre outros, "Revisão do Paraíso" (Campus).


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