São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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POR FÁBIO DE SOUZA ANDRADE

O QUE LER

O Homem e Sua Hora e Outros Poemas
de Mário Faustino (org. de Maria Eugenia Boaventura), Companhia das Letras, 288 págs., R$ 34,00.
Na poesia e no jornalismo cultural, Mário Faustino (1930-1962) fazia do engajamento e da excelência as suas marcas d'água. Se a hora do crítico-poeta piauiense chegou tragicamente cedo, a reedição de sua obra (começando pelos versos) mostra a falta que ele nos faz.

A Marca Humana
de Philip Roth, trad. Paulo Henriques Britto, Companhia das Letras, 456 págs., R$ 43,00.
Ainda hoje, a combinação de culto obstinado à liberdade individual e o puritanismo seguem multiplicando abscessos morais na sociedade americana. O romance de Roth é uma lição de anatomia, expondo sua matéria risível, patética e trágica.

Oblomov
de Ivan A. Gontchárov, trad. Juliana Borges, ed. Germinal (tel. 0/xx/11/578-0421), 552 págs., R$ 49,00.
Numa safra de traduções cuidadas dos gigantes russos, vale apostar nos que, igualmente excepcionais, ficaram esquecidos. Preso a uma nostalgia paralisante, o nobre arruinado Oblomov é um arquétipo oitocentista do anti-herói moderno: atônito, hesitante e incapaz de ação.

Conversa na Sicília
de Elio Vittorini, trad. Valêncio Xavier e Maria Helena Arrigucci, ed. Cosac & Naify (tel. 0/xx/11/ 3218-1444), 287 págs., R$ 39,00.
Na multiplicidade de diálogos com personagens dos mais variados, o narrador dessa viagem sentimental à Sicília de origem repercute a experiência do povo simples desse território de história variada e venerável, alargando-a ficcionalmente na direção do mito.

Ronda da Meia-Noite
de Sylvio Floreal, ed. Boitempo (tel. 0/xx/11/ 3875-7250), 184 págs. R$ 26,00.
Um dos títulos que abre a curiosa coleção Paulicéia, voltada para personalidades, temas, espaços e autores que compõem a identidade paulistana. Aqui, trata-se de reconstrução ficcional dos tipos e casos da noite paulistana nos anos 20, originalmente publicada em 1925.

O QUE NÃO LER

O Demônio do Meio-Dia
Uma Anatomia da Depressão de Andrew Solomon, trad. Myriam Campello, editora Objetiva, 504 págs., R$ 54,90.
Mesmo com o risco de alimentar a Poliana que sobrevive em cada um, convenhamos, o melhor é deixar a leitura para depois das férias.

O Ócio Criativo
de Domenico de Masi, trad. Léa Manzi, ed. Sextante (tel. 0/xx/21/ 2524-6760), 328 págs., R$ 27,00.
Atalho seguro para chegar, pela mãos da boa sociologia do trabalho, à triste constatação de que você está desperdiçando ou, no mínimo, aproveitando muito mal seu escasso tempo livre.

As Férias de Maigret
de Georges Simenon, trad. Vera Neves Pedroso, ed. Nova Fronteira, 172 págs., R$ 29,00.
Ao menos desta vez, pelo gosto de variar, tire férias dos policiais de sempre -até dos bons, como é o caso.
As Virtudes de Envelhecer
de Jimmy Carter, trad. Mauro Pinheiro, ed. Rocco (tel. 0/xx/ 21/ 2507-2000), 106 págs., R$ 22,00.
Adie a disposição de investigar o puritanismo americano em estado bruto. Cada povo carregue os "Marimbondos de Fogo" que alimenta.

Genius
de Harold Bloom, ed. Warner Books (EUA), 832 págs., US$ 21,57.
Depois de agitar bastante, deixe descansar mais este catálogo de gênios bloomiano (agora incluindo também Machado de Assis) para ver se atravessa o verão.

Fábio de Souza Andrade é professor de teoria literária na USP e autor de "O Engenheiro Noturno" (Edusp), sobre a lírica de Jorge de Lima.


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