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Avaliação de obras de uso didático é tema de estudo
ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No Brasil, o livro didático é "o principal material do
aluno e, muitas vezes, do professor",
diz à Folha Maria Encarnação
Beltrão Sposito, professora de
geografia da Universidade Estadual Paulista e avaliadora do
Programa Nacional do Livro
Didático. É organizadora do recém-lançado "Livros Didáticos
de História e Geografia - Avaliação e Pesquisa" (Cultura
Acadêmica, 216 págs., R$ 25).
FOLHA - Por que a sra. diz que parâmetros de avaliação "não devem tomar como referência o que é definido internacionalmente"?
MARIA BELTRÃO SPOSITO - Nenhum país do mundo tem um
sistema de avaliação tão sofisticado quanto o brasileiro. Dois
fatores pesam nisso. Em primeiro lugar, como não há excelentes condições de trabalho
para o professor, o livro é muito
importante, é o principal material do aluno e, muitas vezes, do
professor. Em segundo lugar, o
volume de livros e, portanto, de
dinheiro é muito grande.
FOLHA - Os pré-requisitos do PNLD
selecionam poucas editoras?
SPOSITO - O número de editoras
que produzem material didático no Brasil é que não é grande.
No começo, as editoras reagiam
contra a avaliação: "Avaliação é
controle ideológico". Depois,
passaram a corrigir livros, a
reescrevê-los, a contratar novos autores. As coleções excluídas não são proibidas de serem
vendidas; o governo, que é o
maior comprador de livros do
país, é que não as adquire. Aliás,
é o maior comprador de livros
do mundo. Os EUA, por exemplo, compram livros a cada dez
anos. O Brasil, a cada três anos.
FOLHA - Diminuiu o peso dos "autores-referência" no mercado?
SPOSITO - Sim. Autores renomados cujos livros continuam a
ser aprovados mantêm certa
força no mercado, mas o que há
de novo são autores jovens.
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