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Vidas de astronautas depois da Lua são conturbadas
DE WASHINGTON
Se há o que se pode chamar de típico "astronauta-que-andou-na-Lua",
Edwin Eugene Aldrin Junior, o
"Buzz" Aldrin, não é um deles.
Em 1969, o homem que ficaria
conhecido pelo mundo pelo
apelido em inglês, dado pela irmã mais nova, que pronunciava "brother" (irmão) como
"buzzer" (zumbidor), foi o segundo da história a andar na
superfície lunar.
Na década seguinte, sofreu
de alcoolismo e depressão. Hoje, aos 79, ele aparece na mais
recente propaganda da grife de
luxo Louis Vuitton, gravou um
rap com Snoop Dogg e é o rosto
mais celebrado dos 40 anos da
conquista da Lua. Caminho diferente escolheram os outros
11 homens que ostentam o
mesmo título -alguns pararam na segunda fase, de problemas com vício e humor.
A começar pelo chefe da missão Apollo-11, Neil Armstrong,
notadamente ausente das comemorações oficiais da efeméride. Aos 78, recluso na cidade
de Lebanon, no Estado de
Ohio, ele abandonou a Nasa e o
giro comemorativo ao redor do
mundo 13 meses depois da volta. Desde então, foge dos holofotes com o mesmo ímpeto
com que Aldrin os persegue.
Nos últimos 40 anos, Armstrong deu duas entrevistas à
TV. Numa delas, indagado sobre a experiência de andar na
Lua, disse apenas: "Pilotos não
têm um prazer especial em andar. Pilotos gostam de voar".
Não que a fama o tenha abandonado: ele parou de dar autógrafos depois de descobrir que
eram vendidos em leilões.
Mais tarde, processou uma
empresa de cartões de aniversário por usar sua frase sobre
"o pequeno passo"; depois, levou à Justiça o barbeiro que
frequentava por vender seus
cabelos. Na semana passada, o
último cheque que ele deu antes de embarcar no Apollo-11,
de US$ 10,50 [R$ 20], um pagamento de uma dívida ao então
chefe da missão espacial da Nasa, foi leiloado por US$ 27,5 mil
[R$ 53,1 mil].
Um virou senador (Harrisson Schmidtt, da última missão, a Apollo-17, de dezembro
de 1972). Outro virou ufólogo
(Edgard Mitchell, da Apollo-14,
de 1971). Vários morreram. Essas e outras histórias estão
contadas em livros recém-lançados. São "Rocket Man" [Homem Foguete], o melhor deles,
de Craig Nelson, "Voices From
the Moon" [Vozes da Lua], de
Andrew Chaikin, e "Magnificent Desolation" [Magnífica
Desolação], autobiografia de
Buzz Aldrin. É nela que o astronauta faz a pergunta: "O que
um homem pode fazer como
segundo ato depois de andar na
Lua?"
(SÉRGIO DÁVILA)
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