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+cultura
Arte subterrânea
Exposição reúne
os pôsteres encomendados pelo metrô de Londres em seus mais de cem anos de existência
ROB SHARP
Há dois remos de
madeira, adornados por rostos sorridentes e portando bonés pontudos, com um jeitão universitário, gritando por meio de megafones -um anúncio da regata
de remo no rio Tâmisa disputada entre as universidades de
Cambridge e Oxford.
A imagem em questão é apenas um dos milhares de pôsteres que decoraram o metrô
desde que ele começou a circular em seus precários trilhos no
final do século 19.
Produzido pelo lendário ilustrador Tom Eckersley, ele marca uma longa tradição de trabalho vanguardista exemplar para importantes artistas de criação, em uma seqüência ininterrupta há mais de cem anos.
Agora, o Museu do Transporte de Londres, em Covent
Garden, está celebrando o centenário desses cartazes com
uma exposição dos trabalhos
de arte que enfeitaram as plataformas do metrô da capital
britânica.
"A chave para a exposição é o
acesso ao processo oculto por
trás daquilo que torna esses
pôsteres tão maravilhosos", diz
Claire Dobbin, co-curadora da
exposição.
Uma das seções da exposição
gira em torno do processo pelo
qual os cartazes eram encomendados, como e por que
eram selecionados. Destaca
uma série de artistas cujas carreiras receberam seu ímpeto
inicial dos trabalhos realizados
para o metrô.
O mais famoso deles é justamente Tom Eckersley, que foi
convidado a desenhar seu primeiro pôster mal tinha saído
da faculdade, e manteve um relacionamento profissional com
o metrô de Londres por mais
de 60 anos.
A mostra também observa os
trabalhos do ponto de vista
cronológico, associando seu
conteúdo a escolas como o modernismo, o art déco ou a fine
art, por artistas como Eric Ravilious e Paul Nash.
Não seria possível realizar
uma exposição sobre os pôsteres do metrô sem mencionar
Frank Pick, o homem encarregado de encomendá-los entre
1908 e 1940, responsável por
atrair para o programa alguns
dos principais nomes das artes
visuais. As técnicas dele são assunto de comentários discretos
do mundo da arte desde então.
A exposição lhe presta a homenagem merecida. "A visão
dele, quanto à arte, era a de
que, embora estivesse sempre à
procura dos melhores artistas
gráficos, procurava equilibrar
as coisas, dando uma chance a
talentos ascendentes", diz
Dobbin.
"E o tipo de arte que Pick encomendava era sempre determinado pelo propósito da peça,
e não apenas por seu gosto pessoal. Essa tradição foi mantida
até hoje", conclui.
A íntegra deste texto saiu no "Independent".
Tradução de Paulo Migliacci .
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