|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O ressurgimento de Leni Riefenstahl
especial para a Folha , de Berlim
Dois livros recém-lançados na Alemanha coroaram o ressurgimento de Leni Riefenstahl,
uma das cineastas mais polêmicas do século
20. Aclamada nos anos 30 pelos filmes que
fez, sobretudo para o governo nazista, e execrada pela
opinião pública depois da Segunda Guerra Mundial,
Leni Riefenstahl vive agora, aos 98 anos, o auge de sua
"renascença".
Ela deixou de ser vaiada em público, como nas décadas passadas, e distribui autógrafos nos eventos para os
quais é convidada. "Riefenstahl voltou a ser "in'", escreve o historiador do cinema Rainer Rother, que acaba de
lançar "A Sedução do Talento" ("Die Verführung des
Talents"), uma biografia da cineasta.
Helene Amalie Riefenstahl nasceu em Berlim, em
1902. Ambição e talento marcaram a carreira da artista,
que já no início da década de 20 se tornou conhecida como dançarina e atriz. Destacou-se nos anos 20 e 30 como cineasta, dirigindo, entre outros, documentários
encomendados pelo líder da propaganda nazista, Joseph Goebbels.
Estampa de ideóloga nazista
Com os filmes
"Triunfo da Vontade" (1935), sobre o culto ao "Führer"
Adolf Hitler, e "Olímpia" (1938), um exemplo da devoção nacional-socialista em torno do corpo e da beleza,
Riefenstahl ganhou fama em todo o mundo. Mas também a estampa de ideóloga nazista.
A "reabilitação" da cineasta aconteceu nos anos 90,
quando vários estudos passaram a destacar a "lenda
Riefenstahl", separando a estética da propaganda nos
seus filmes. Rother evita essa separação. Também condena a ingenuidade da artista, que até hoje defende seus
filmes, chamando-os de "meros documentários" ou
"pura arte".
"Sua culpa consistiu em tolerar, reprimir e no não
querer saber", escreve Rother, que cita documentos da
época do nazismo envolvendo a cineasta.
Nos anos 60 e 70, Riefenstahl viajou e fotografou a
África Oriental. Aos 71 anos, começou a mergulhar, iniciando carreira como fotógrafa submarina. "Leni Riefenstahl - Cinco Vidas" ("Fünf Leben", Taschen Verlag), de Ines Walk, uma biografia autorizada na forma
de imagens, também abrange todas as carreiras da artista. É a obra mais completa sobre a cineasta, pois traz
filmografia e bibliografia detalhadas, além de mostrar
imagens inéditas de seu arquivo particular.
(SB)
Texto Anterior: Marcados pelo sangue Próximo Texto: A língua adulterada Índice
|