São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O ressurgimento de Leni Riefenstahl

especial para a Folha , de Berlim

Dois livros recém-lançados na Alemanha coroaram o ressurgimento de Leni Riefenstahl, uma das cineastas mais polêmicas do século 20. Aclamada nos anos 30 pelos filmes que fez, sobretudo para o governo nazista, e execrada pela opinião pública depois da Segunda Guerra Mundial, Leni Riefenstahl vive agora, aos 98 anos, o auge de sua "renascença". Ela deixou de ser vaiada em público, como nas décadas passadas, e distribui autógrafos nos eventos para os quais é convidada. "Riefenstahl voltou a ser "in'", escreve o historiador do cinema Rainer Rother, que acaba de lançar "A Sedução do Talento" ("Die Verführung des Talents"), uma biografia da cineasta. Helene Amalie Riefenstahl nasceu em Berlim, em 1902. Ambição e talento marcaram a carreira da artista, que já no início da década de 20 se tornou conhecida como dançarina e atriz. Destacou-se nos anos 20 e 30 como cineasta, dirigindo, entre outros, documentários encomendados pelo líder da propaganda nazista, Joseph Goebbels.

Estampa de ideóloga nazista
Com os filmes "Triunfo da Vontade" (1935), sobre o culto ao "Führer" Adolf Hitler, e "Olímpia" (1938), um exemplo da devoção nacional-socialista em torno do corpo e da beleza, Riefenstahl ganhou fama em todo o mundo. Mas também a estampa de ideóloga nazista.
A "reabilitação" da cineasta aconteceu nos anos 90, quando vários estudos passaram a destacar a "lenda Riefenstahl", separando a estética da propaganda nos seus filmes. Rother evita essa separação. Também condena a ingenuidade da artista, que até hoje defende seus filmes, chamando-os de "meros documentários" ou "pura arte".
"Sua culpa consistiu em tolerar, reprimir e no não querer saber", escreve Rother, que cita documentos da época do nazismo envolvendo a cineasta.
Nos anos 60 e 70, Riefenstahl viajou e fotografou a África Oriental. Aos 71 anos, começou a mergulhar, iniciando carreira como fotógrafa submarina. "Leni Riefenstahl - Cinco Vidas" ("Fünf Leben", Taschen Verlag), de Ines Walk, uma biografia autorizada na forma de imagens, também abrange todas as carreiras da artista. É a obra mais completa sobre a cineasta, pois traz filmografia e bibliografia detalhadas, além de mostrar imagens inéditas de seu arquivo particular. (SB)



Texto Anterior: Marcados pelo sangue
Próximo Texto: A língua adulterada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.