São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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ADRIANO SCHWARTZ

O autor
Se a pergunta propusesse uma relação comparativa mais mensurável (do tipo, qual o time mais importante, Corinthians ou Palmeiras?, com a óbvia resposta sendo o primeiro), seria fácil.
Mas é complicado estabelecer uma diferença de valor tão definitiva para autores desse nível. Se for para arrumar um critério e entrar na brincadeira, em vez de anular o voto ou decretar o inevitável empate, fico com Guimarães Rosa -ainda que nos últimos tempos venha estudando fascinado os contos do criador de Bentinho e Brás Cubas.
Faço a escolha porque tenho a impressão de que talvez Rosa saia prejudicado de um confronto assim muito por conta de seus seguidores, que diluíram a sua obra de um jeito tão pesado, com uma mistura horrenda de regionalismo, misticismo e pieguice, que terminaram por arranhá-la.
De um problema dessa natureza Machado escapa quase ileso, já que ele tem pouco a ver com o "realismo" nosso de cada dia.

A obra
"Grande Sertão: Veredas". A razão? São várias, mas menciono apenas uma, a existência de uma profusão de passagens como a reproduzida a seguir ao longo de mais de 500 páginas do romance: "Ele tinha que vir, se existisse.
Naquela hora, existia. Tinha de vir, demorão ou jajão. Mas, em que formas? Chão de encruzilhada é posse dele, espojeiro de bestas na poeira rolarem. De repente, com um catrapuz de sinal, ou momenteiro com o silêncio das astúcias, ele podia se surgir para mim. Feito o Bode-Preto? O Morcegão? O Xu?"


ADRIANO SCHWARTZ é professor de literatura na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, autor de "O Abismo Invertido" (ed. Globo).


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