São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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MOACYR SCLIAR

O autor
Escolha dificílima, esta, comparável à "Escolha de Sofia", de William Styron, verdade que muito mais agradável.
Estamos diante dos dois gigantes de nossa literatura, e, ainda que haja entre ambos muitos pontos em comum, a originalidade de cada um dificulta tremendamente o cotejo. Machado, até por sua biografia, que incluiu uma difícil e sofrida infância, mergulhou mais profundamente na condição humana.
Rosa, por outro lado, é um inovador, um escritor que revolucionou a maneira de narrar. Em matéria de aproximação ao Brasil, ambos se equivalem, variando o cenário e os personagens: o Rio de Machado tem uma contrapartida no "Grande Sertão" de Rosa.
Mas, se eu, digamos que sob ameaça de um revólver, tivesse de escolher, ficaria com Machado de Assis (implorando perdão a Rosa), talvez mais por uma questão de afinidade pessoal do que por qualquer outra razão.

A obra
De novo, uma escolha difícil, sobretudo em se tratando de um escritor que tem uma obra tão grande e diferenciada como é o caso de Machado. Como comparar, por exemplo, seus contos com seus romances? Mas eu ficaria com "Dom Casmurro", não só pelo desafio que coloca ao leitor, como também por combinar um aspecto universal, a questão do ciúme, com uma esplêndida descrição do clima emocional do Rio em sua época. É uma verdadeira genealogia de um traço do caráter brasileiro que Machado faz, e o faz de forma brilhante.


MOACYR SCLIAR é escritor e colunista da Folha , autor de "A Majestade do Xingu" (Companhia das Letras).



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