São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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LEOPOLDO BERNUCCI

O autor
A comparação entre essas duas grandes figuras literárias do Brasil seria semelhante àquela entre Nicolas Poussin e Picasso no campo da arte ou, ainda, entre Bach e Mozart no da música.
Esse tipo de comparação gera um inevitável dilema que só será resolvido se adotarmos critérios subjetivos.
Prefiro pensar estes dois admiráveis escritores como artesãos da língua e intérpretes da humanidade. Ambos, em diferentes épocas, escreveram suas belas obras procurando representar e entender o espírito humano, a nossa relação com a vida e os seus mistérios, sempre de maneira ambígüa e ambivalente, que é o melhor modo de traduzir também a nossa existência.

A obra
Para as horas da noite e do silêncio, "Dom Casmurro", porque nos leva, pelas trilhas da fantasia, ao universo de Shakespeare, da ópera, das paixões, da reflexão filosófica.
Para as horas do dia, "Grande Sertão: Veredas", que nos engolfa no mundo da oralidade, obrigando-nos a pensar sua singular linguagem como estímulos intelectuais, para em seguida envolver-nos, uma vez mais, no fascinante mundo dessa ficção encantadora.
São duas obras máximas que não podem e não devem competir porque se complementam e chegam até nós como uma dádiva dos deuses. Então, aqui, há um empate.


LEOPOLDO BERNUCCI é professor de estudos latino-americanos na Universidade da Califórnia, em Davis, autor de "A Imitação dos Sentidos" (Edusp), entre outros livros.


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