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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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Os filmes pelos críticos

Elefante
"Assisti ao filme sem ter lido nada sobre ele. Não sabia que, para Van Sant, o título tinha a ver com uma parábola budista: vários cegos tocando várias partes de um elefante, cada um acreditando saber o que tinha diante de si (um rabo, uma pata, uma orelha, uma tromba) sem jamais conseguir juntar as diferentes partes e formar o todo. O filme produz uma sensação inversa no espectador, que acredita não ser cego, mas sai do cinema como se fosse, perplexo, sem nenhuma solução apaziguadora diante do que lhe parece óbvio. Embora a seu modo igualmente crítico, "Elefante" é o oposto de "Tiros em Columbine", de Michael Moore, que trata do mesmo assunto (adolescentes de classe média que entram atirando em escolas dos subúrbios americanos) com um parti pris moral acima de qualquer suspeita. Está tudo errado, mas Van Sant não tece nenhum tipo de explicação simplista ou oportunista sobre o que vê. É óbvio que, se não puderem comprar armas, os adolescentes já não poderão dizimar seus colegas de escola. Mas, como na visão parcial do elefante, a venda de armas explica a forma do ato, suas consequências abomináveis, mas não as causas nem as razões mais profundas. E nisso "Elefante" é de uma clareza aterrorizante. O óbvio é sempre mais insondável do que parece. Estamos sempre vendo apenas as partes."
(Bernardo Carvalho , escritor)

Sobre Meninos e Lobos
"Depois de uma década realizando filmes bem-feitos e divertidos, mas não memoráveis, Clint Eastwood alcançou de novo, em "Sobre Meninos e Lobos", a intensidade de "Os Imperdoáveis". Embora tivesse se revelado na direção com "Perversa Paixão", um predecessor melhorado de "Atração Fatal", foi apenas a partir de seu faroeste para adultos que o fato veio realmente a público. Lançando mão dos principais recursos do teatro bem como dos temas clássicos da tragédia e submetendo-os a um tratamento no qual utiliza com economia e sutileza aqueles que o cinema oferece, o diretor demonstra que, no novo milênio, a assim chamada "arte do século 20" nem sequer começou a envelhecer."
(Nelson Ascher , poeta e tradutor)

Dogville Leia a coluna "Ponto de Fuga", de Jorge Coli



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