São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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FÁBIO WANDERLEY REIS

DA REDAÇÃO

Para Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG, Fidel fora do poder formal será tão atuante na política cubana quanto tem sido nos últimos meses: "Ele será ouvido e estará presente".
O autor de "Tempo Presente -Do MDB a FHC" (ed. UFMG) diz, no entanto, que uma redefinição política "se impõe", dada a situação de isolamento econômico e pobreza de que a ilha padece. (EGN)  

1
Faz pouca diferença. Ele continua presente, como continuava desde que seu estado se agravou. Ele será ouvido e estará presente. Pode haver uma conseqüência simbólica, um aceno de que admite claramente que seu fim se torna iminente. Há informações de que Raúl está fazendo contatos -que já são uma movimentação que caracteriza um tempo pós-Fidel.

2
Não vejo por que a renúncia dificultaria a mudança. Não a vejo como obstáculo adicional.

3
Sem dúvida o Brasil seria melhor entre esses dois. A Venezuela de Chávez é um país cheio de arestas, de difícil relacionamento com os EUA. Há boas razões econômicas e diplomáticas para perceber a relação com o Brasil como mais promissora.

4
É confiável. As circunstâncias mundiais são de tal natureza que não é o caso de ser fiel a questões doutrinárias, filosóficas ou socialistas, mas de pragmatismo. Cuba está isolada, em condições precárias, e há um imperativo em lidar com a situação, que envolve a relação com o capitalismo internacional. Uma redefinição se impõe.

5
Em termos de George W. Bush, o predomínio de um conservadorismo principista, que levou à Guerra do Iraque e àquela contra o terrorismo, é uma política pouco favorável a Cuba. Mas Bush já é o famoso "pato manco" [expressão para a perda de poder em fim de mandato], e há boas razões para acreditar em mudanças na administração que favoreçam a inserção de Cuba na comunidade internacional.

6
Tem sido um pouco menos intensa do que seria de esperar. Há uma certa expectativa para ver em que isso redunda de fato, para ver o que se faz. Houve pouca reação, talvez pela percepção de que a renúncia não muda tanto as coisas.


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