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NEWTON BIGNOTTO
DA REDAÇÃO
Newton Bignotto, autor
de "Maquiavel" (Jorge Zahar), interpreta
a saída de Fidel como parte de
um plano: "O partido quer ficar onde sempre esteve e pensa poder gerenciar uma transição sem mexer muito em seu poder". Para Bignotto, o
que definirá o futuro de Cuba
é a existência ou não de apelo
democrático dentro da própria sociedade cubana.
(EGN)
1
A renúncia de Fidel já era
esperada, e ela não tem
um significado tão amplo
quanto teria sua morte, na
medida em que ele de fato já
está afastado do cargo há quase dois anos. Devemos observar, no entanto, que ele tem
um papel simbólico na manutenção do poder que não pode
ser desprezado.
2
Essa é certamente a
pretensão dos que ocupam o poder. Mas o
grande enigma é quanto à
existência de uma oposição
democrática interna capaz de
impulsionar transformações
em direção a um regime de liberdades, aproveitando-se do
momento atual.
3
É claro que o Brasil é um
parceiro comercial muito mais importante que
a Venezuela, pela complexidade de sua economia e pela
capacidade de atuar no desenvolvimento da ilha.
Mas só a Venezuela está disposta a manter uma ajuda cuja finalidade não tem relação
necessária com resultados comerciais.
4
Raul é continuísta, mas
a situação cubana está
longe de ser cômoda.
Depois do fim da ajuda soviética, as coisas se complicaram
muito, e ele terá de se abrir.
Mas não tem o carisma do irmão, não controla a máquina
do governo da mesma forma
e, diante da situação difícil,
pode ser levado a fazer concessões para manter o poder.
5
A postura intransigente
dos EUA tem relação direta com a ameaça que
Cuba parecia representar na
época da Guerra Fria e pouca
relação com o que Cuba representa hoje no continente.
Mas é preciso lembrar que
oposição aos EUA é parte integrante do discurso cubano
há décadas. Não há, portanto,
um problema de mão única.
6
A cautela que dominou
as declarações em vários países vem do fato
de que ainda é cedo para medir o verdadeiro significado
da mudança. Não há razões
para falar em um novo momento.
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