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+Sociedade
Bichos-grilos
Livro lançado nos EUA ataca o modo cruel e mimado de criação de animais domésticos e de abate
DWIGHT GARNER
Na Língua dos Bichos" (ed. Rocco),
de Temple Grandin, ocupa um lugar especial entre
os livros sobre animais lançados nas últimas décadas.
O autismo de Grandin lhe
confere uma compreensão especial do que pensam, sentem
e desejam os animais, quer sejam gatos domésticos ou gado.
Seu novo livro, "Animals Make Us Human - Creating the
Best Life for Animals" (Os Bichos Nos Humanizam - Criando a Melhor Vida para os Animais, ed. Houghton Mifflin,
342 págs., US$ 26, R$ 60), escrito com Catherine Johnson
(assim como o livro anterior)
retoma onde "Na Língua dos
Bichos" terminou.
Desta vez ela trata sobretudo
da vida emocional dos bichos,
mais que da física, embora as
duas evidentemente estejam ligadas. "A regra é simples", escreve Grandin. "Não estimule a
cólera, o medo e o pânico, se
possível, e estimule a busca e a
brincadeira."
O livro inclui capítulos provocantes sobre cães e gatos,
mas se mostra em sua melhor
forma quando discorre sobre
animais como vacas, porcos,
cavalos e galinhas, além de animais selvagens e animais mantidos em zoológicos.
Grandin projetou sistemas
de abate humanitários e livres
de estresse que hoje são usados
com cerca de metade do gado
dos Estados Unidos e do Canadá. Há alguma dissonância cognitiva aqui. Ela conta que frequentemente lhe perguntam:
"Como você pode preocupar-se
com os bichos quando projeta
matadouros?"
Qualidade de vida
Sua resposta é que "algumas
pessoas pensam que a morte é a
coisa mais terrível que pode
acontecer a um animal". Ela argumenta que "a coisa mais importante para um animal é a
qualidade de sua vida".
Acrescenta: "Quanto mais eu
observo e descubro sobre como
os cachorros são cuidados hoje
em dia, mais me convenço de
que muitas cabeças de gado levam vidas melhores do que alguns bichos de estimação muito mimados. Hoje em dia muitos cachorros passam o dia todo sozinhos, sem companheiros humanos ou caninos".
Ela acha preocupante a relação "totalmente de conflito"
que existe entre os grupos de
defesa dos animais e a indústria
do gado.
Tem palavras positivas a dizer a respeito de empresas como McDonald's e Wendy's (já
atuou como consultora para
ambas), que estão obrigando
seus fornecedores a dar tratamento melhor aos animais.
Mas também elogia os ativistas.
Mais eis algo que me veio à
cabeça enquanto estava lendo
"Os Bichos Nos Humanizam":
o que ela teria a dizer sobre metrôs, conjuntos habitacionais,
estádios, prisões, cubículos em
escritórios, ônibus interurbanos, abrigos para sem-tetos,
elevadores e, quem sabe, a fila
para a revista de segurança no
aeroporto de La Guardia [em
Nova York]?
A íntegra deste texto saiu no "New York Times".
Tradução de Clara Allain .
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