ALAIN FRACHON

Março de 2008. Ehud Barak fala sobre a faixa de Gaza. O líder do Partido Trabalhista e ministro da Defesa de Israel já anunciava: "Não queremos lançar uma invasão em grande escala na faixa de Gaza, mas provavelmente não teremos outra alternativa. Não nos deixaremos desviar, mesmo diante da reação negativa do resto do mundo".
Explicação: o Estado de Israel não pode deixar o Hamas lançar foguetes contra as cidades do sul do país -aliás, em nenhum lugar no resto do mundo um Estado toleraria ser agredido dessa maneira". Diz que, se um país como a Síria os atacasse, seria necessário derrubar seu governo. E acrescenta: "E isso provavelmente acontecerá também na faixa de Gaza".
Isso foi há dez meses, e a declaração, dada a Claude Lanzmann, diretor da revista "Les Temps Modernes", talvez esclareça o objetivo buscado hoje pelo Exército israelense: destruir o regime do Hamas? Ela está em uma edição (novembro-dezembro de 2008) da revista, dedicada ao 60º aniversário do nascimento de Israel.
O volume ("A Juventude Sexagenária de Israel") será seguido por um segundo, também sobre o assunto. Faltando algumas semanas para as eleições gerais em Israel, em 10/2, a "Temps Modernes" oferece uma abordagem essencial à singularidade desse país.
Ao longo das páginas desfilam os destinos díspares de israelenses, momentos de vida e esboços de retratos, que em muitos casos revelam mais que um ensaio de ciência política.
Há as recordações de uma jovem suíça que se mudou para Israel após a guerra de independência; as memórias de um paraquedista da guerra de junho de 1967, morador de kibutz e representante da velha elite de esquerda; os questionamentos existenciais de um jovem roqueiro orientalista, escritor ocasional de sucesso.
O conjunto permite definir um pouco melhor essa coisa complexa, mas muito real, que é a identidade israelense.