São Paulo, Domingo, 26 de Setembro de 1999 |
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POEMAS 25 DE ABRIL Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo SERÁ POSSÍVEL Será possível que nada se cumprisse? Que o roseiral a brisa as folhas de hera Fossem como palavras sem sentido -Que nada sejam senão seu rosto ido Sem regresso nem resposta- só perdido "FERNANDO PESSOA" OU "POETA EM LISBOA" Em sinal de sorte ou de desgraça A tua sombra cruza o ângulo da praça (Trêmula incerta impossessiva alheia E como escrita de lápis leve e baça) E sob o vôo das gaivotas passa Atropelada por tudo quanto passa Em sinal de sorte ou de desgraça OS DIAS DE VERÃO Os dias de verão vastos como um reino Cintilantes de areia e maré lisa Os quartos apuram seu fresco de penumbra Irmão do lírio e da concha é nosso corpo Tempo é de repouso e festa O instante é completo como um fruto Irmão do universo é nosso corpo O destino torna-se próximo e legível Enquanto no terraço fitamos o alto enigma /familiar dos astros Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem Como se em tudo aflorasse eternidade Justa é a forma do nosso corpo Poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen extraídos, os três primeiros, de "O Nome das Coisas" (1977), e o último, de "Dual" (1972). Texto Anterior: Poesia - João Almino: A literatura da cisma Próximo Texto: Lançamentos Índice |
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