São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Schiller obra a obra

Wallenstein (1800) - Trilogia em 11 atos e um prólogo centrados em Albrecht von Wallenstein, herói da Guerra dos Trinta Anos. Ambicioso, ele cria intrigas contra o imperador para conquistar a coroa. Poema dramático, a trilogia se divide em "O Campo de Wallenstein", "Os Piccolomini" e "A Morte de Wallenstein", culminando na traição e sua morte pelas mãos de partidários do imperador. Schiller faz de Wallenstein uma personalidade que ao mesmo tempo o fascina, mas a quem também condena -de que é prova seu final trágico.

Maria Stuart (1800) - Drama de conflitos individuais, tendo com pano de fundo histórico a disputa entre a rainha da Escócia (1542-1587) e sua prima Elizabeth 1ª pelo trono da Inglaterra. Stuart acaba sendo decapitada por ser considerada uma ameaça católica ao reino. Composta de cinco atos, é considerada um marco da dramaturgia alemã. Há tradução em português feita por Manuel Bandeira e publicada pela Abril Cultural.

Dom Carlos (1787) - Testemunho de uma profunda revolução no pensamento e na arte do poeta, a peça aparece como negação da ordem estabelecida, fundada na injustiça. Expõe a destruição do amor pelo cálculo político e pelas maquinações da Inquisição. A personagem dom Carlos cede espaço ao marquês Posa, um arauto da liberdade que se torna porta-voz de Schiller ao propagar ideais de tolerância, respeito ao homem e liberalismo político. Os dois combatentes idealistas morrem lutando pela liberdade, que será consagrada um século após sua queda.

A Noiva de Messina ("Die Braut von Messina", 1803) - Tentativa de ressuscitar a tragédia grega em palcos modernos, essa "tragédia com coros" encena o ódio mútuo de dois irmãos, herdeiros do trono da cidade italiana de Messina, que se apaixonam perdidamente pela mesma mulher -a jovem Beatriz, reclusa em um convento para onde fora misteriosamente enviada pouco após o nascimento. Há tradução do poeta romântico Gonçalves Dias, publicada em 2004 pela Cosacnaify.

Ode à Alegria ("An die Freude", 1785) -Escrito em 1785, traduz um estado de espírito em que o poeta se encontrava à época -livre de pressões e feliz. Foi imortalizado ao ser utilizado por Beethoven em sua nona sinfonia. Os Bandoleiros ("Die Räuber", 1781) -Peça de estréia de Schiller, é uma das principais expressões do pré-romantismo alemão. Repleta de ruídos e ações drásticas, a obra é um questionamento sobre a moral, a vocação para a grandeza e a consciência em torno de um tema comum ao autor: a revolta. Há tradução de Marcelo Backes pela editora L&PM.

Fiesko ("Die Verschsorung des Fiesko zu Genua", 1783) - "Tragédia republicana" centrada no problema da liberdade política e da tirania. Conta a história do conde Fiesko -dividido entre as exigências de sua consciência e a ambição pelo poder-, que acaba por se juntar a uma conjuração contra os Doria (controladores de parte da Itália no século 16). Na peça, Schiller faz a defesa do republicanismo e da liberdade, contra os tiranos.

Intriga e Amor ("Kabale und Liebe", 1784) - Peça política engajada que mergulha na atmosfera da corte absolutista alemã do século 17, recheada de personagens infames. A história realista é ligada ao drama burguês, mostrando o amor impossível por causa do obstáculo da desigualdade social.

O Canto do Sino ("Lied von der Glocke", 1797) - Um dos exemplos de balada, gênero de origem popular a que Schiller passou a se dedicar no final do século 18 com a intenção de tornar a poesia acessível ao povo, sem diminuir sua qualidade.

A Donzela de Orléans ("Die Jungfrau von Orleans", 1801) - Mais uma personagem histórica é explorada nessa obra -Joana d'Arc, que, em vez de ser queimada na fogueira, sucumbe no campo de batalha. A intervenção direta de Deus, a crença no milagre, as aparições estranhas e os sonhos premonitórios são elementos que fazem parte da peça, que busca fugir do realismo.

Guilherme Tell ("Wilhelm Tell", 1804) -Acostumado a oferecer uma vitória moral e eterna em troca da vida de seus protagonistas, aqui Schiller deixa o ideal triunfar sem que o herói pereça. Uma vez mais, trata da opressão política e da luta pela liberdade, desta vez na Suíça e com uma ótica otimista. Graças a Guilherme Tell, reestabelece-se, na peça, a integridade moral do mundo.


Texto Anterior: O burguês idealista
Próximo Texto: Correspondência com Goethe é marco da reflexão estética
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.