São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
+ poema por Bento Prado Jr. ilustração por Adriana Rocha Tropecei, esta noite, Num verso mais que estranho, Único verso presente em todos os poemas reais Ou possíveis de todas as línguas do mundo: Primeiro hieróglifo, emblema de Hermes Trimegistos. Verso em si ilegível e vazio embora necessário, Verso perverso Que nos condena a retornar, obliquamente, A todos os poemas escritos até hoje, E todos os futuros, Um gonzo fechando, Por dentro, um cubo hermético-metálico, Que, mônada, espelha, em seu imo, todo o mundo externo. Começo e fim de toda poesia, Ou seu constante recomeçar? Delirei, esta noite, Um único verso, (uni-verso), que poeta algum jamais escreveu, Face infinitesimal do Grande Diamante da Poesia ou do Ser, Acesso a todos os demais versos, Que se mostram, simul, ao leitor Que eles próprios, nesse instante, criam. Mas foi apenas um vislumbre: Uma vez iluminado o Grande Diamante, O verso volveu à sua aparente vacuidade E dissolveu-se-lhe a cumplicidade com todos os demais, Devolvendo-me ao ritual de meu dia-a-dia, Mergulhando-me novamente em meu Não-Ser. Texto Anterior: Notas Próximo Texto: + contraponto: Esportes radicais do destino Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |