São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Festa celebrará "avanços" à moda comunista "retrô"

DE PEQUIM

Os 60 anos da criação da República Popular da China, instaurada pelo Partido Comunista, serão celebrados nesta quinta-feira com a maior parada militar já organizada no país.
O evento deve reunir cerca de 1 milhão de pessoas na principal avenida e na maior praça de Pequim. Duzentos mil militares desfilarão com a parafernália mais moderna do armamento chinês. Milhares de estudantes e funcionários públicos também marcharão, entre a avenida da Paz Eterna e a praça da Paz Celestial.
Um espetáculo pirotécnico e um desfile de carros alegóricos encerrarão a celebração, que será dirigida pelo cineasta Zhang Yimou, o mesmo responsável pelas cerimônias de abertura e de encerramento da Olimpíada de Pequim. O espaço aéreo será bloqueado. Dezenas de voos foram cancelados ou adiados para o fim da tarde de 1º de outubro.
Mas o clima na capital não tem nada de festa. Empinar pipas foi proibido até 2 de outubro para "garantir a segurança dos céus", segundo circular da polícia.
Os ensaios da parada têm fechado as principais avenidas da cidade, onde até pedestres são proibidos de circular. Moradores da avenida da Paz Eterna são proibidos de ficar na varanda ou com as janelas abertas durante os ensaios.
"Se abrir a janela durante a parada, você pode levar um tiro", alertou o síndico de um condomínio habitado por diplomatas e jornalistas estrangeiros na área.
Com medo de protestos, os espectadores serão selecionados. Hotéis na região não poderão hospedar ninguém no 1º de outubro e por 48 horas os moradores não poderão receber visitas.
Carros alegóricos apresentarão feitos dos 60 anos de comunismo. Há um carro alegórico com um computador da década de 80, o primeiro produzido pelo país, outro em homenagem ao foguete que colocou astronautas chineses pela primeira vez em órbita.
Para diplomatas estrangeiros, que pediram anonimato à Folha, o evento deve fazer sucesso com o público interno, uma demonstração de força da nova China, e provocar orgulho; mas, para o exterior, a extravagância pode deixar a China mais com cara de Coreia do Norte, com tanques e soldados robóticos, do que de nova superpotência moderna.
(RJL)


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