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Festa celebrará "avanços" à moda comunista "retrô"
DE PEQUIM
Os 60 anos da criação
da República Popular da China, instaurada pelo Partido Comunista, serão celebrados nesta
quinta-feira com a maior
parada militar já organizada
no país.
O evento deve reunir cerca de 1 milhão de pessoas na
principal avenida e na
maior praça de Pequim. Duzentos mil militares desfilarão com a parafernália mais
moderna do armamento
chinês. Milhares de estudantes e funcionários públicos também marcharão, entre a avenida da Paz Eterna
e a praça da Paz Celestial.
Um espetáculo pirotécnico e um desfile de carros
alegóricos encerrarão a celebração, que será dirigida
pelo cineasta Zhang Yimou,
o mesmo responsável pelas
cerimônias de abertura e de
encerramento da Olimpíada
de Pequim. O espaço aéreo
será bloqueado. Dezenas de
voos foram cancelados ou
adiados para o fim da tarde
de 1º de outubro.
Mas o clima na capital
não tem nada de festa. Empinar pipas foi proibido até
2 de outubro para "garantir
a segurança dos céus", segundo circular da polícia.
Os ensaios da parada têm
fechado as principais avenidas da cidade, onde até pedestres são proibidos de circular. Moradores da avenida da Paz Eterna são proibidos de ficar na varanda ou
com as janelas abertas durante os ensaios.
"Se abrir a janela durante
a parada, você pode levar
um tiro", alertou o síndico
de um condomínio habitado
por diplomatas e jornalistas
estrangeiros na área.
Com medo de protestos,
os espectadores serão selecionados. Hotéis na região
não poderão hospedar ninguém no 1º de outubro e por
48 horas os moradores não
poderão receber visitas.
Carros alegóricos apresentarão feitos dos 60 anos
de comunismo. Há um carro alegórico com um computador da década de 80, o
primeiro produzido pelo
país, outro em homenagem
ao foguete que colocou astronautas chineses pela primeira vez em órbita.
Para diplomatas estrangeiros, que pediram anonimato à Folha, o evento deve
fazer sucesso com o público
interno, uma demonstração
de força da nova China, e
provocar orgulho; mas, para
o exterior, a extravagância
pode deixar a China mais
com cara de Coreia do Norte, com tanques e soldados
robóticos, do que de nova
superpotência moderna.
(RJL)
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