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Lançamentos tratam da relação entre ócio e "falta de sentido"
DA REDAÇÃO
Q
uando fala em "tédio
existencial", Lars
Svendsen considera-o um problema moderno, que
vem do rompimento moderno com valores tradicionais.
Seu livro não é o único lançamento a relacionar ócio à ausência de "sentido da vida".
Ainda no ramo "filosofia
pop", está saindo "Os Sete Pecados Capitais" (Ediouro; 154
págs., R$ 34,90), de Fernando
Savater, professor da Universidade Complutense de Madri, que usa filosofia, literatura e bem-humorados diálogos com Satanás.
Savater prefere associar o
tédio à contemplação, ao ócio
criativo. É da preguiça que fala em termos semelhantes
aos de Svendsen: preguiça é a
desmotivação criada pelas
sociedades modernas. "Hoje
os objetivos são privados,
portanto há que pensar neles:
para que e por que fazemos as
coisas? O problema é que
muitos dos objetivos humanos são difíceis de racionalizar e responder".
Mais acadêmico, "Dialética
do Lazer" (ed. Cortez; 289
págs., R$ 39) também trata
das especificidades do ócio na
modernidade: a desvalorização do ócio criativo e o lazer
como mercadoria. Fernando
Mascarenhas, que trata da
história do conceito de ócio,
diz que na modernidade o
ócio assume o valor de "anti-trabalho, improdutivo, torna-se sinônimo de vício e degradação".
Impondo-se o sistema capitalista como o principal
conjunto de valores, o ócio
passaria a fazer sentido como
"amenizador dos efeitos perversos do trabalho", segundo
a organizadora do volume,
Valquíria Padilha, professora
da USP em Ribeirão Preto.
Falando à Folha, ela ironiza: "Se o trabalho e o ritmo do
trabalho geram vazio existencial ou tédio, como o "lazer-mercadoria" poderia libertar
dessas sensações? Preferimos continuar acreditando
que "cabeça vazia é oficina do
diabo" e continuar temendo a
reflexão, a contemplação e o
agir desinteressados".
(EGN)
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