São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2007

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Lançamentos tratam da relação entre ócio e "falta de sentido"

DA REDAÇÃO

Q uando fala em "tédio existencial", Lars Svendsen considera-o um problema moderno, que vem do rompimento moderno com valores tradicionais. Seu livro não é o único lançamento a relacionar ócio à ausência de "sentido da vida".
Ainda no ramo "filosofia pop", está saindo "Os Sete Pecados Capitais" (Ediouro; 154 págs., R$ 34,90), de Fernando Savater, professor da Universidade Complutense de Madri, que usa filosofia, literatura e bem-humorados diálogos com Satanás.
Savater prefere associar o tédio à contemplação, ao ócio criativo. É da preguiça que fala em termos semelhantes aos de Svendsen: preguiça é a desmotivação criada pelas sociedades modernas. "Hoje os objetivos são privados, portanto há que pensar neles: para que e por que fazemos as coisas? O problema é que muitos dos objetivos humanos são difíceis de racionalizar e responder".
Mais acadêmico, "Dialética do Lazer" (ed. Cortez; 289 págs., R$ 39) também trata das especificidades do ócio na modernidade: a desvalorização do ócio criativo e o lazer como mercadoria. Fernando Mascarenhas, que trata da história do conceito de ócio, diz que na modernidade o ócio assume o valor de "anti-trabalho, improdutivo, torna-se sinônimo de vício e degradação".
Impondo-se o sistema capitalista como o principal conjunto de valores, o ócio passaria a fazer sentido como "amenizador dos efeitos perversos do trabalho", segundo a organizadora do volume, Valquíria Padilha, professora da USP em Ribeirão Preto.
Falando à Folha, ela ironiza: "Se o trabalho e o ritmo do trabalho geram vazio existencial ou tédio, como o "lazer-mercadoria" poderia libertar dessas sensações? Preferimos continuar acreditando que "cabeça vazia é oficina do diabo" e continuar temendo a reflexão, a contemplação e o agir desinteressados". (EGN)



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