São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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+inéditos

A morte de Virginia Woolf

"Não sei ao certo se o "Times" já terá anunciado a essa altura que Virginia desapareceu. Temo que não haja a menor dúvida de que ela se afogou por volta do meio-dia da sexta-feira passada. Deixou cartas para Leonard e Vanessa [seu marido e sua irmã, respectivamente]. Sua bengala e pegadas foram encontradas à beira do rio.
Durante alguns dias, é claro, continuamos a esperar, contra toda lógica, que ela tivesse simplesmente saído em uma caminhada sem rumo, e que viria a ser encontrada em um celeiro ou em uma loja de aldeia. Mas perdemos toda a esperança; no entanto, porque seu corpo não foi encontrado, ela não pode ser considerada como legalmente morta.
Ficou claro, algumas semanas atrás, que ela estava prestes a sofrer mais um daqueles colapsos nervosos longos e agonizantes, dos quais já tivera vários. A perspectiva de dois anos de insanidade, para então despertar para o tipo de mundo que outros dois anos de guerra criaram, foi tal que não posso ter certeza de que ela tenha sido insensata."


Carta de Clive Bell para Frances Partridge, sobre o desaparecimento de Virginia Woolf, em 3 de abril de 1941.



Mundo de tragédias

"Minha cara Fanny: Acabo de receber a carta de Virginia [Woolf] com a horrível notícia e é em você que estou pensando, em você e Ralph, para quem isso é o pior que poderia ter acontecido. Para mim, o toque final de horror provém do fato de que ela ainda estava viva e consciente quando vocês chegaram. [...]
Esse mundo de tragédias no qual todos os meus mais queridos amigos estão envoltos é apenas meio real para mim, porque saí da Inglaterra um dia depois da morte de Lytton [Strachey]. Será que você e Ralph não fariam bem em sair do país por algum tempo?"


Carta de Clive Bell para Frances Partridge, depois da morte de Dora Carrington, em 16 de março de 1932.

Traduções de Paulo Migliacci.


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